Atualizada às 13h23
Em meio a uma escalada de tensão após dias consecutivos de protestos na Venezuela, o opositor Leopoldo López mudou o ponto de partida da marcha que convocou para esta terça-feira (18/02), em Caracas, por meio de um vídeo. O anúncio da mudança veio após o presidente Nicolás Maduro chamar uma marcha de trabalhadores petrolíferos que deverá sair da Praça Venezuela, mas rumo ao Palácio de Miraflores. A modificação impede que as duas manifestações saiam do mesmo local.
O opositor, no entanto, manteve a convocatória e pretende terminá-la no centro. “Venezuelanos, venham a Caracas amanhã. Marcharemos ao MIJ [ministério de Interior e Justiça] a partir de Chacaíto. Está notificada. Não precisamos de permissões. Os direitos não se negociam”, expressou o opositor nesta segunda (17/02). Ao afirmar que a marcha já não partirá da Praça Venezuela, na região central, como anunciado, explicou: “Não queremos confrontação”.
Agência Efe
Manifestação convocada por Leopoldo López teve ponto de partida alterado e não sairá mais do mesmo local da marcha chavista
Contra López, dirigente do partido Vontade Popular, pesa uma ordem de captura emitida por um tribunal, já que é acusado pelo governo de ser o autor intelectual da violência em protestos, que deixaram três mortos e dezenas de feridos na última quarta-feira (12/02).
Ele pediu que seus apoiadores marchem de branco “até um ponto”. “Depois caminharei sozinho. Não colocarei em risco a vida de nenhum venezuelano. Força Venezuela!!”, escreveu, dizendo ter solicitado acompanhamento diplomático, da igreja e de meios de comunicação. Ele pede que o protesto seja pacífico, mas se mantém desafiante: “Como anunciei, ratifico. Vou continuar nas ruas. Acompanhando um povo que clama por mudança”, escreveu, em uma sequência de mensagens.
Leia também:
Protestos na Venezuela: web é usada para difundir imagens falsas ou descontextualizadas
Ontem, o prefeito do município de Libertador, Jorge Rodríguez, onde ocorreria todo o trajeto da marcha do opositor, afirmou que esta não foi autorizada. “O fascismo não vai entrar amanhã (hoje) no município Libertador (…) não vamos permitir que estejam instaurando expedientes de violência na cidade de Caracas”, afirmou Rodríguez sobre o município que abriga o centro de Caracas e onde está localizado o ministério de Interior e Justiça. O governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) também convocou a população a se dirigir às praças Bolívar do país e anunciou atividades “pela paz”.
NULL
NULL
Antes de publicar as mensagens ratificando a convocatória à marcha, durante a tarde, López informava que a sede de seu partido estava sendo revistada: “Estão entrando violenta e ilegalmente na sede de Vontade Popular. Sem ordem. Apoiem-nos, por favor. Que o mundo saiba!”, escreveu. Posteriormente, seu partido difundiu vídeo gravado por uma câmera de segurança, no qual homens entram no recinto, arrombam uma porta e após alguns minutos saem sem nada visivelmente confiscado.
Leia mais:
Maduro ordena expulsão de três funcionários consulares dos EUA
Nos últimos dias, seu partido informou que forças de segurança foram às casas do opositor e de seus pais para procurá-lo na última madrugada. Em um dos procedimentos, segundo o partido, os funcionários mostraram uma ordem de captura emitida por um tribunal que lhe atribui crimes de homicídio intencional qualificado, terrorismo, lesões graves, danos à propriedade pública, delitos de intimidação pública, instigação ao crime, entre outros.
“Ultradireita”
Maduro denunciou, na noite deste domingo (16/02), planos “da ultradireita” para assassinar o dirigente “para provocar uma tragédia” e colocar a culpa no governo. “Senhor Leopoldo López, aceite a mediação que a Promotoria iniciou, que eu como chefe de Estado apoio, para não haja show, para que [sua entrega] seja com segurança”, disse.
Ao lado da deputada opositora María Corina Machado, López lidera há algumas semanas uma campanha denominada “A Saída”, com a qual se pretende ir às ruas até uma mudança “total e profunda dos que conduzem o Poder Nacional”. Entre as opções expostas pelo opositor no Twitter estão uma emenda constitucional para recortar o período presidencial, renúncia e referendo revocatório. Uma pesquisa que circulava em um ato da campanha também considerava a desobediência civil.
Leia também:
EUA rechaçam responsabilidade por organização de protestos na Venezuela
No programa televiso que conduz há uma semana, o presidente do Legislativo afirmou na noite de ontem que López “vai ser preso”. “E não só Leopoldo López ele será preso, todos os responsáveis da convocatória, mas não da violência dizem eles, não, assumam sua responsabilidade que a Justiça vai chegar. Amanhã a sessão da assembleia vai estar bem boa, porque vamos abordar este tema”, disse, sem se referir diretamente à deputada Maria Corina, da qual o governismo pede o fim da imunidade parlamentar.