Em evento com centrais sindicais argentinas neste sábado (11/12), junto ao ex-presidente uruguaio José Pepe Mujica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a unidade latino-americana. O petista também lembrou das relações do Brasil com os outros países da América Latina durante o período de governos progressistas.
“Conseguimos construir o mais importante momento das relações políticas entre Brasil e Argentina. Fortalecemos o Mercosul, construímos a Unasul, a Celac. Brasil e Argentina estavam juntos no G20. Celac era a única instituição multilateral que Cuba participava, e não participava nem Estados Unidos, nem o Canadá”, afirmou.
Sob os governos progressistas, “construímos unidade na América do Sul”, disse. “Foi um momento muito rico para o exercício da democracia e um momento importante da retomada das políticas de inclusão social”, destacou o ex-presidente.
Ele defendeu as alianças econômicas entre países latino-americanos para desenvolver a região contra o que classificou como sabotagem europeia e norte-americana, que só querem comprar commodities dos países pobres para vender mercadoria valorizada. Além de pedir pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores, o ex-presidente Lula falou em incentivar o desenvolvimento tecnológico e industrial dos países latino-americanos.
Para público na praça de Maio, grande estrela era Lula: 'estou aqui por ele'
Lula na Argentina: América do Sul viveu seu melhor período sob governos progressistas
Novamente, Lula destacou a importância de ter dito não à Alca para o ex-presidente norte-americanos George Bush em proveito do Mercosul. “Aqui na América Latina os países só queriam negociar com os EUA. Mania de pobre”, disse, destacando a importância do Mercosul. “Todo país pobre acha que ficar sorrindo para Estados Unidos e Europa vai ajudar. Ninguém vai ajudar ninguém. Quem vai ajudar a gente somos nós, tendo orgulho de defender nossa soberania e nosso povo, produzir e gerar emprego”, afirmou.
Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula discursou em evento com sindicalistas argentinos neste sábado (11/12)
Lula também lembrou o desenvolvimento econômico dos países sul-americanos durante o período dos governos progressistas e denunciou a destruição econômica dos governantes neoliberais “que só pensam em atender os interesses do sistema financeiro e do mercado, e não conseguem entender que a coisa mais preciosa que um país tem é o seu povo”. d
Golpe no Brasil e destruição
Sobre o Brasil, Lula lamentou o golpe de Estado que levou ao impeachment de Dilma Rousseff (PT) e à sua prisão, e agradeceu a solidariedade dos argentinos. “Gostaria de agradecer as centrais sindicais, homens e mulheres trabalhadores, profissionais liberais, intelectuais, militantes do PT pelo gesto de solidariedade ao Brasil e a mim pela minha prisão injusta e pela mentira criada para causar uma inflexão destrutiva, não somente de Lula, mas das forças sociais que lutam contra a direita”, disse.
Segundo ele, todos os progressos levados adiante pelo governo petista no Brasil foram demonstrados “por uma sequência de mentiras contadas pela imprensa brasileira, pela elite brasileira, pelos nossos adversários políticos, e pela primeira vez assumida pelo Poder Judiciário através do Ministério Público, que resolveu tentar destruir a democracia e os partidos políticos”.
Ele lembra que a perseguição judicial – representada na Lava Jato – causou o prejuízo de 4,4 milhões de postos de trabalho, nos investimentos no país, gerando desemprego e empobrecimento do povo brasileiro. “Estávamos conseguindo provar para os países da América do Sul que juntos somos muito fortes e que separados nós somos frágeis”, lamenta Lula. “É triste. Nós tínhamos acabado com a fome”, diz.
“O tempo que fiquei preso não foi de sofrimento, mas de reflexão […] Pensei que estávamos conquistando um sonho de melhorar a vida do povo brasileiro e fazer com as pessoas tomassem café, almoçassem e jantassem, tivessem um trabalho digno, que os filhos dos pobres pudessem entrar nas universidades”, destacou.
(*) Com Brasil 247