O Departamento de Estado dos EUA apresentou nesta terça-feira (31/03) um novo plano para derrubar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e pediu que o deputado de direita Juan Guaidó, autoproclamado mandatário reconhecido por Washington, renuncie ao cargo fictício.
Segundo o plano norte-americano, tanto Maduro como Guaidó devem se afastar do poder (no caso do deputado, do “poder”), e reconhecer um “Conselho de Estado”, que seria eleito pela Assembleia Nacional, como novo Executivo do país.
Em entrevista coletiva de imprensa, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, comentou sobre a proposta e disse que “se as condições deste plano forem cumpridas, incluindo a saída de forças de seguranças estrangeiras [da Venezuela] e eleições acompanhadas por observadores internacionais, então todas as sanções norte-americanas serão suspensas”.
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O plano de Washington, que prevê que um chamado “Conselho de Estado” governe a Venezuela por um período de 6 a 12 meses até que eleições legislativas e presidenciais sejam realizadas, foi rechaçado pelo chanceler venezuelano Jorge Arreaza.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, “eles podem dizer o que quiserem, na hora que quiserem, como quiserem, mas as decisões da Venezuela se tomam na Venezuela, com suas instituições e sua Constituição”.
“Sempre quisemos ter boas relações, mas eles têm uma obsessão em tomar o poder da Venezuela e nosso petróleo. Não estamos tutelados nem por Washington, nem por outra capital”, disse Arreaza.
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Como condição para suspender sanções, Washington exige que Guaidó reconheça um ‘Conselho de Estado’ como novo Executivo
A estratégia apresentada pelos EUA ainda prevê a extinção da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, a eleição de um novo Conselho Nacional Eleitoral, a criação de uma “comissão da verdade” para investigar supostas violações de direitos humanos desde 1999 (ano em que Hugo Chávez foi eleito para o primeiro mandato) e intervenção internacional em programas sociais criados pelos governos de Chávez e Maduro com auxílio do FMI, Banco Mundial e outras instituições financeiras.
Pelo Twitter, Guaidó comemorou a decisão que pede seu afastamento da presidência autoproclamada e chamou o plano de “passos corretos para salvar a Venezuela”.
“Me comuniquei com o secretário [Mike] Pompeo para agradecer o respaldo dos EUA na conformação de um Governo de Emergência e um Conselho de Estado para resolver a crise”, disse.
Intimação
Ainda nesta terça-feira, o Ministério Público da Venezuela intimou Guaidó para prestar depoimento sobre seu envolvimento em um plano terrorista que pretendia assassinar Maduro e foi revelado pelos órgãos de inteligência venezuelanos na última quinta-feira (26/03).
O atentado seria realizado por mercenários colombianos, que pretendiam assassinar o presidente venezuelano e outros membros do governo. Segundo denúncia feita pelo ex-militar venezuelano Clíver Alcalá, o plano estava sendo coordenado pelo próprio Guaidó.
Em comunicado, o procurador-geral da República da Venezuela, Tarek Wiliam Saab, afirmou que o MP exigiu o comparecimento de Guaidó, “um dos principais responsáveis da nova tentativa de golpe de Estado”, na próxima quinta-feira (09/04).