Os Estados Unidos continuarão trabalhando para que palestinos e israelenses tenham, cada um, o seu Estado, afirmou hoje (4) Hillary Clinton em sua primeira visita à região como secretária de Estado.
A ex-primeira-dama, que passou o dia com autoridades de Israel em Jerusalém e amanhã fará o mesmo com as lideranças palestinas em Ramallah, frisou que a solução de se ter um Estado palestino e outro judeu – este último já existente – está tão viva quanto há dois meses, quando George W. Bush ainda estava na Casa Branca.
“Nossa premissa é chegar à inevitável solução de dois Estados”, declarou Hillary numa entrevista coletiva na sede do Ministério de Assuntos Exteriores, concedida após encontro com sua colega israelense, Tzipi Livni. Livni disse que esta é “a única forma de preservar um Estado judeu e democrático”.
A chefe da diplomacia americana disse que o governo de Barack Obama considera a alternativa de dois Estados como “parte de uma solução global para garantir a paz entre israelenses e palestinos, e também com os vizinhos árabes”.
“O presidente Obama e eu achamos que o laço que une os EUA com Israel e o compromisso com a segurança israelense e sua democracia permanecerão como algo fundamental, inquebrantável e durável”, disse.
Apoio aos moderados e críticas ao Hamas
A secretária de Estado deu início a seus compromissos com uma reunião com o presidente de Israel, Shimon Peres, conhecido seu desde as negociações de paz de Oslo, promovidas por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, entre 1993 e 2001.
Hillary ratificou a Peres “o compromisso de Obama” com a solução de dois Estados, mas também expressou apoio ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o moderado Mahmoud Abbas, e ao primeiro-ministro Salam Fayyad, com os quais se reunirá amanhã.
Ela demonstrou ainda seu apoio a Livni, ao dividir a região entre “moderados e radicais” e ao incentivá-la a condenar os ataques com foguetes lançados pelo Hamas contra Israel.
“Nenhuma nação pode tolerar estes ataques contra sua população e seu território”, declarou Hillay, que ontem, no Egito, participou da conferência de doadores para a reconstrução de Gaza.
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A ex-primeira-dama também propôs um cessar-fogo na faixa territorial palestina como primeiro passo até a formação do novo governo de Israel, que, tudo indica, será comandado pelo conservador Benjamin Netanyahu.
Na reunião que teve com ele, de mais de uma hora de duração, a secretária de Estado não falou de Estado palestino nem de visões de paz, afirmou Netanyahu. No entanto, em declarações ao site do jornal Yedioth Ahronoth, fontes da delegação norte-americana disseram que “o tema está presente e será tratado no momento adequado”.
“Por enquanto, sem haver governo em Israel, não há necessidade de colocá-lo sobre a mesa”, acrescentaram as fontes.
A criação de um Estado palestino ao lado de Israel é, em princípio, o tema mais delicado nas relações da Casa Branca com Netanyahu, que se recusa a discutir o assunto.
Também não parece haver muita fluência nas conversas sobre o programa nuclear iraniano, que Obama quer tentar solucionar mediante uma nova iniciativa diplomática envolvendo a Rússia.
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Netanyahu, encarregado de formar o novo governo de Israel, pediu hoje que os Estados Unidos estipulem “um limite” à iniciativa de diálogo com o Irã para frear seu programa nuclear.
“Temos de pensar com criatividade para seguir em frente e criar uma realidade diferente, tanto em termos de segurança como políticos, e isto é um objetivo dos dois (países)”, afirmou Netanyahu ao sair da reunião com Hillary.
Segundo a edição eletrônica do Yedioth Ahronoth, o futuro primeiro-ministro israelense falou sobre “estipular um limite de tempo” à iniciativa diplomática para frear o programa nuclear iraniano, convencido de que no final deste ano ou no começo de 2010, Teerã terá uma bomba atômica.
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