Agência Efe (27/12)
O Enviado das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, tornou público nesta quinta-feira (27/12) a ideia geral do plano de paz que apresentou para líderes do regime sírio e grupos da oposição nos últimos dias.
O diplomata argelino, que visita o país desde o último domingo (23/12), propôs o fim da violência e o estabelecimento de um governo de transição até a realização de novas eleições em encontros com o presidente Bashar al Assad e rebeldes. Para ele, apenas um acordo político pode pôr fim à violência que atinge o país a 21 meses e já deixou pelo menos 44 mil mortos.
(Enviado Especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, conversa com jornalistas em Damasco)
É a terceira vez que Brahimi viaja a Síria desde que assumiu o cargo em agosto deste ano em substituição de Kofi Annan. Desde sua última visita ao país, em outubro deste ano, as lutas se intensificaram nas principais cidades do país e a crise humanitária se agravou ao redor de todo o território, com aumento do número de deslocados internos e de pessoas sem acesso a alimentação e remédios.
“Um governo precisa ser criado com todas as forças do estado”, afirmou ele a jornalistas. “O processo de transição não pode levar ao colapso das instituições públicas. Todos os sírios, e todos aqueles que apoiam o povo sírio, devem cooperar para preservar essas instituições e fortalece-las”, acrescentou.
O enviado especial não revelou, no entanto, detalhes sobre o plano de resolução do conflito.
Plano de paz
Segundo fontes diplomáticas anônimas, a visita de Brahimi tem como objetivo apresentar ao presidente sírio e opositores uma série de propostas de Estados Unidos e Rússia que visam a formação deste governo de transição. Essas propostas incluem a formação de um Executivo composto por ministros que não pertençam nem ao círculo de Assad nem ao dos rebeldes.
Além disso, estipula que Assad continue no poder até a segunda metade de 2013, mas sem que tenha direito a se candidatar à próxima eleição presidencial, prevista para 2014.
Ao que tudo indica, Brahimi continua a seguir o plano de transição formulado por Annan enquanto ainda exercia o cargo de enviado especial que sugere a criação de um governo de transição composto por membros do governo e de grupos de oposição ao regime.
Impasse “quase impossível” de ser resolvido
A proposta exclui, no entanto, a participação de oficiais cuja presença poderia dificultar os esforços de conciliação – como é o caso de Assad. Essa última cláusula desagradou o presidente assim como os seus aliados, mas é uma exigência dos grupos opositores.
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“Nós aceitamos qualquer solução política que não inclua a família Assad e nem aqueles que prejudicaram o povo sírio”, afirmou nesta quinta-feira (27/12) o porta-voz da Coalizão Nacional Síria, uma das principais organizações da oposição. “Nossa primeira condição é eles deixarem o país”.
Enquanto isso, o chanceler russo, Sergei Lavrov, reafirmou que o conflito sírio deve ser resolvido pelo diálogo e criticou o uso da violência pelos rebeldes. O governo de Assad e seus aliados classificam os opositores como “terroristas”, dificultando, ainda mais, o processo de negociação.
Lavrov e outros membros do Kremlin se reuniram nesta quinta (27/12) com uma equipe síria liderada pelo vice-chanceler Faisal Muqdad. De acordo com fontes anônimas, os oficiais levaram a proposta de Brahimi para discutir uma resposta com seus aliados em Moscou.
O impasse entre membros do regime e da oposição fez com que em quatro meses de mandato, Brahimi não conseguisse realizar muitos avanços na negociação para a resolução do conflito, descrita por ele mesmo e Annan como “quase impossível”.
Consenso internacional
Brahimi seguirá viagem neste sábado (29/12) para Moscou a fim de discutir o plano de paz com as autoridades locais. O diplomata ainda afirmou que deve realizar uma terceira rodada de conversas com oficiais russos e norte-americanos sobre a situação síria, mas negou a existência de um plano conjunto entre a Casa Branca e Kremlin.
“É preferível que não apresentemos o plano até sentirmos que todos os lados concordaram. Porque desta maneira, será fácil implementá-lo. Se isso não acontecer, a outra solução será ir até o Conselho de Segurança da ONU e pedir uma resolução”, afirmou ele.
O diplomata argelino garantiu nesta terça (25/12) a líderes da oposição síria que trabalhará para conseguir um consenso entre as partes internacionais envolvidas no conflito.