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Utilização de antidepressivos geram polêmica nos EUA
O governo norte-americano empreendeu na última década uma campanha alertando a população – sobretudo crianças e adolescentes – sobre os efeitos nocivos de medicamentos antidepressivos quando usados de forma incorreta. O resultado, no entanto, foi o contrário: o número de pessoas que se mataram em função de depressão aumentou nos últimos anos “como reflexo da política de contenção contra antidepressivos”, aponta estudo da BMJ divulgado nesta quinta-feira (19/06).
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Os pesquisadores afirmam que a intenção do governo para conter o problema de suicídios no país é inquestionável, porém a campanha criou consequências não intencionais, sendo potencializadas pelos meios de comunicação em massa.
Segundo o estudo, a mídia se focou em divulgar apenas uma minoria de casos (7%) em que o uso de antidepressivos resultaram em suicídio. Influenciados pela campanha e pela difusão massiva do assunto, pessoas que necessitavam tomar o medicamento (93% restante) foram inibidas, agravando quadros de depressão, surtos psicóticos e esquizofrenia.
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“A mídia reagiu de forma despropocional ao trabalho do governo contra o uso abusivo de antidepressivos. Houve também um cuidado excessivo dos pacientes. Com isso, muitas pessoas que precisavam do tratamento foram afetadas com o medo de tomar a droga. Para todas as drogas existe um risco quando você interrompe um tratamento com uma doença não curada”, afirma Christine Lu, pesquisadora de Harvard e co-autora do estudo.
O governo norte-americano, representado pelo Departamento de Saúde e Alimentação, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Crise também potencializou suicídios
Segundo uma pesquisa publicada no começo deste mês na revista “British Journal of Psychiatry” (BJPsych, na sigla em inglês) nos EUA os casos de pessoas que se mataram subiam antes da recessão de 2008, mas a crise fez “acelerar” a tendência ao serem registrados 4.750 suicídios adicionais.