O governador do Estado norte-americano de Utah, o republicano Gary Herbert, assinou nesta terça-feira (19/04) uma resolução que classifica a pornografia como uma questão de saúde pública e visa combater “um ambiente sexualmente tóxico”.
Segundo a resolução assinada por Herbert, primeira do tipo nos EUA, o entretenimento adulto é uma “epidemia” que “iguala a violência e o abuso de mulheres e crianças ao prazer, o que aumenta a demanda por tráfico sexual, prostituição, abuso sexual infantil e pornografia infantil”.
Outra legislação foi assinada no mesmo dia determinando que pessoas que encontrem conteúdo sexual que envolva crianças e adolescentes na internet sejam obrigadas a avisar as autoridades.
Noticias Seguridad/FlickrCC
Utah aprova resolução que trata pornografia como questão de saúde pública
“[O consumo de] Pornografia é uma crise de saúde pública. A legislação de hoje dá início a uma discussão aberta que traz à tona perigos muito reais”, afirmou o governador Herbert em sua página do Facebook.
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A resolução, contudo, não proíbe a pornografia em Utah e também não tem a autoridade para punir aqueles que a consomem. Em 2009, um estudo colocou Utah – que tem forte influência da Igreja Mórmon, cuja sede fica em Salt Lake City, capital e maior cidade do Estado – em primeiro lugar no ranking de consumo de pornografia online entre Estados norte-americanos.
A Coalizão do Livre Discurso, uma associação de empresas da indústria do entretenimento adulto, condenou a resolução, que foi sancionada pelo governador após ser aprovada pela Câmara e pelo Senado estaduais.
“A nova legislação de Utah é uma legislação moral e fora de moda que não está baseada na ciência. Aliás, a ciência mostra que consumidores de entretenimento adulto são mais propensos a ter uma visão mais progressista do direito e da sexualidade das mulheres e a ter mais conhecimento sobre saúde sexual. E o acesso ao entretenimento adulto está claramente relacionado, histórica e geograficamente, ao declínio de crimes sexuais”, pontuou a organização em declaração oficial.
A medida também foi criticada por cidadãos norte-americanos por meio das redes sociais. Nos posts em que Herbert divulgou a nova resolução, usuários reagiram apontando o moralismo e a repressão sexual como os causadores da “sexualidade tóxica” apontada pelo governador. Para um comentarista, as prioridades do republicano estavam trocadas: enquanto ele deveria estar investindo em infraestrutura e moradia, por exemplo, Herbert estaria se engajando em uma “cruzada moral”. Para outro, “o cristianismo é uma ameaça à saúde ainda maior, pois promove violência contra mulheres e crianças” pois “ensina intolerância e ódio”.