O presidente norte-americano, Barack Obama, declarou nesta segunda-feira (28/09) que os Estados Unidos estão dispostos a negociar com o Irã e a Rússia para solucionar o conflito armado na Síria. A fala de Obama ocorreu durante seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, onde mais de 150 chefes de Estado e de governo estiveram presentes.
Obama pontuou que o presidente sírio, Bashar al-Assad, a quem se referiu como “tirano”, deve sair do cargo para que o país possa superar o conflito. A guerra civil na Síria já dura quatro anos e meio e deixou mais de 230 mil mortos, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
EFE
Durante seu discurso na sede das Nações Unidas, em Nova York, Obama classificou o presidente sírio Bashar al-Assad como “tirano”
“Os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com qualquer país, incluindo a Rússia e o Irã, para resolver o conflito”, disse Obama. “No entanto, devemos reconhecer que não pode haver, depois de tanto sangue derramado e de tanta carnificina, um retorno ao ‘status quo’ anterior à guerra”.
A Rússia e o Irã, fornecedores de recursos e equipamentos para que Assad combata os opositores, são os principais países que apoiam o atual governo sírio. Neste mês, o Kremlin confirmou o envio de tropas e armas à Síria para fortalecer Assad.
“Nós acreditamos que é um grande erro se recusar a cooperar com o governo sírio e suas Forças Armadas, que estão lutando bravamente contra o terrorismo” disse também nesta segunda-feira nas Nações Unidas o presidente russo, Vladimir Putin. Ele disse que é preciso reconhecer que apenas Assad e a milícia curda Peshmerga estão combatendo as forças do EI (Estado Islâmico) e “outras organizações terroristas” na região.
Embora Obama e Putin concordem que é necessário tomar alguma medida para interferir no conflito, a principal divergência se dá quanto à permanência ou não de Assad na presidência. Moscou, que apoia o atual presidente sírio, afirma que as alternativas a Assad são mais danosas e que é necessário fortalecê-lo. Washington, no entanto, recusa que Assad permaneça no cargo.
Obama afirmou em seu discurso que as atuais circunstâncias requerem uma “transição negociada” com a saída de Assad e a ascensão de “um novo líder e um governo inclusivo”.
NULL
NULL
De acordo com as agendas oficiais, Obama e Putin deverão realizar um encontro bilateral ainda nesta segunda-feira, no qual a Síria será um assunto central.
Hassan Rouhani, presidente iraniano, afirmou ontem que o Irã tem um posicionamento similar ao da Rússia. Segundo ele, Teerã está disposta a dialogar com outros países a respeito da Síria, mas apenas se a permanência de Assad e o combate ao terrorismo estiverem entre as prioridades da negociação. “Não significa que o governo sírio não precisa de reforma, mas se um país afirma que deseja lutar contra o terrorismo e mudar o governo em Damasco, será um esforço em vão”, declarou Rouhani.
Cuba
Durante seu discurso, Obama reiterou que apoia a suspensão do embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos. “Tenho certeza de que o Congresso levantará inevitavelmente um embargo que já não deveria existir”, afirmou Obama.
Conforme a Casa Branca anunciou, Barack Obama e Raúl Castro, presidente cubano, irão se reunir nesta terça-feira (29/09). Os dois países vivem, desde dezembro do ano passado, um processo de reaproximação diplomática e econômica. Em abril deste ano, Obama e Castro realizaram o primeiro encontro entre chefes de Estado dos dois países em 56 anos. Em 20 de julho, as embaixadas foram reabertas. Washington anunciou, neste mês de setembro, uma série de medidas que estimulam a aproximação econômica entre Cuba e EUA.
Apesar das ações do governo Obama, o embargo a Cuba, por se tratar de uma legislação, só pode ser cancelado no Congresso, cuja maioria republicana se opõe à aproximação com a ilha.
EFE
Obama, Ban Ki-moon e Vladimir Putin foram alguns dos líderes mundiais que discursaram hoje na 70ª Assembleia-Geral da ONU
Apelo à comunidade internacional
Nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo para que a comunidade internacional intervenha na Síria para pôr fim ao conflito no país e para combater o EI. “Cinco países em particular têm a solução: Rússia, Estados Unidos, Arábia Saudita, Irã e Turquia. Mas enquanto uma parte não tiver compromissos com a outra, é inútil esperar uma mudança no terreno”, disse em seu discurso na Assembleia.
Ban Ki-moon falou também da crise humanitária vivida pela Europa, criticando as políticas do continente para lidar com a questão. “No século XXI, não deveríamos mais construir cercas ou muros”, disse, em referência aos países europeus que buscam impedir a entrada de refugiados erguendo barreiras em suas divisas. Se dirigindo à Europa, o secretário-geral lembrou que “após a Segunda Guerra, eram seus cidadãos que buscavam ajuda do mundo”.