O governo dos Estados Unidos extraditou hoje (27/4) o ex-general panamenho Manuel Antonio Noriega, 74 anos, para a França, onde tem pendente uma condenação à revelia a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro. Noriega cumpriu 20 anos de reclusão em Miami, após passar 17 anos na prisão por narcotráfico, de uma pena total de 40 anos, reduzida por bom comportamento.
O ex-ditador ficou no poder no Panamá até 1989, quando foi derrubado por uma invasão militar estadunidense ao país centro-americano. Enviado a Miami, em 1992 ele foi condenado por tráfico de drogas.
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A França havia pedido a extradição de Noriega em 2007. Em 1999, Noriega foi considerado culpado por ter lavado na França milhões de dólares supostamente provenientes do cartel de drogas de Medellín por meio do Banco de Comércio e Crédito Internacional (BCCI). Segundo a Justiça francesa, cerca de 20 contas bancárias haviam sido abertas em Paris e Marselha, no sul da França, por Noriega ou pessoas ligadas a ele em bancos como o BNP, CIC, Crédit Lyonnais e também o Banco do Brasil, segundo a BBC Brasil. Após a extradição, Noriega tem direito agora a um novo julgamento.
Noriega: de aliado a inimigo dos EUA
Mas o advogado de Noriega na França, Yves Leberquier, alegou na noite de segunda-feira (26/4) que o ex-presidente não pode ser julgado novamente porque haveria prescrição das acusações contra ele, que seriam baseadas em fatos ocorridos nos anos 80, e também em razão de sua imunidade como ex-chefe de Estado.
Condenações em casa
O Panamá também exige que Noriega cumpra as penas pendentes em seu país. O ex-general foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato, em 1985, de Hugo Spadafora, um dos principais críticos dos militares no Panamá, e a outros 20 pela morte de Moisés Giroldi e de outros 11 militares em 1989. A soma total conta 60 anos de prisão, mas, de acordo com o Código Penal panamenho, réus com uma idade superior a 70 anos podem cumprir a prisão em regime domiciliar.
“O governo dos EUA, o Governo Federal, através do departamento de Estado tomou a decisão soberana de enviar Noriega para França e nós respeitamos a decisão”, disse ontem aos jornalistas o vice-presidente panamenho Juan Carlos Varela.
Varela sublinhou, porém, que a aceitação da decisão estadunidense “não significa que o Panamá vá deixar de insistir pelas vias diplomáticas e legais” que Noriega regresse ao país para cumprir as condenações impostas pelos tribunais panamenhos.
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