O presidente da Bolívia, Evo Morales, questionou neste domingo (21/08), o fato de o agente chileno perante a CIJ (Corte Internacional de Justiça) de Haia, José Miguel Insulza, se negar a dialogar para resolver os “temas pendentes” entre ambos países.
“Se o irmão Insulza reconhece que há temas pendentes entre Bolívia e Chile, por que não aceita o diálogo com o Presidente Evo?”, escreveu Morales em sua conta no Twitter.
Agência Efe
Bolívia e Chile mantêm uma disputa em torno de uma saída soberana para o mar para o país de Evo
O líder boliviano questionou se essa recusa a dialogar se deve ao fato do Chile “não ter argumentos para resolver temas pendentes” ou se é porque não quer solucionar estes assuntos “históricos”.
Si el hermano Insulza reconoce que hay temas pendientes entre Bolivia y Chile ¿por qué no acepta el diálogo con el Presidente Evo?
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) 21 de agosto de 2016
“Ou será que o irmão Insulza quer dialogar de presidente para presidente e não como agente?”, acrescentou Morales, se referindo à disposição expressada no sábado pelo agente chileno a ser candidato presidencial da Nova Maioria, a atual coalizão governista, no pleito de 2017.
O presidente da Bolívia replicou com seus tweets uma coluna de opinião publicada na sexta-feira por Insulza no jornal chileno “La Tercera”, intitulada de “Diálogo impossível?“, que foi amplamente divulgada na impresa boliviana.
Nesse artigo, o também ex-secretário-geral da OEA justificou que o diálogo não é possível pelo “clima” criado por causa das “ofensas” expressadas por Morales e outros funcionários de seu governo contra o Chile.
NULL
NULL
“Não se pode pretender dialogar com o Chile ao mesmo tempo que se ofende nossa dignidade”, afirmou Insulza.
Também mencionou a agenda de 13 pontos estabelecida por Morales e a presidente chilena, Michelle Bachelet, na primeira gestão de ambos em 2006 e que, segundo o agente chileno, “a Bolívia parece ter desprezado na violência verbal dos últimos anos”.
La Paz e Santiago se enfrentam na CIJ pela reivindicação marítima boliviana e por uma controvérsia sobre a natureza das águas da região do Silala (sudoeste), que a Bolívia considera mananciais próprios e das quais o Chile diz que formam um rio ao qual tem direito.
A tensão entre ambos países aumentou no último mês por causa da viagem de uma comitiva liderada pelo chanceler boliviano, David Choquehuanca, aos portos do norte chileno para verificar denúncias do descumprimento de livre trânsito para a carga boliviana por esses terminais estabelecido no Tratado de 1904.
Ambas nações assinaram o citado acordo 25 anos depois da guerra em que a Bolívia perdeu seu litoral perante tropas chilenas.
Morales criticou insistentemente que o governo de Bachelet se negue a dialogar para resolver as supostas dificuldades denunciadas pelo comércio boliviano nos portos chilenos.