Incomodado com a radicalização do discurso de seu ex-aliado Nicolas Sarkozy, o líder centrista e quinto colocado na eleição presidencial francesa François Bayrou admitiu nesta quinta-feira (03/05) que votará no socialista François Hollande no segundo turno.
Agência Efe
O deputado e ex-candidato à Presidência François Bayrou também se opõe a Sarkozy
Em discurso à imprensa, Bayrou, do MoDem (Movimento Democrata) disse que, “após examinar nessas duas últimas semanas a evolução do segundo turno da eleição presidencial”, escolheu os rivais do Partido Socialista. A justificativa, segundo o atual deputado, foi em razão da estratégia adotada por Sarkozy de se enveredar pela extrema-direita.
“A postura adotada por Sarkozy é violenta e entra em contradição com valores que não são somente os meus ou da corrente política que represento, mas também do próprio gaulismo (nome tradicional dado à antiga direita moderada francesa) e da direita republicana e social”.
A obsessão do atual chefe de Estado e candidato á reeleição por radicalizar temas como a imigração e as fronteiras também foram chaves para anunciar sua decisão. Sarkozy, segundo Bayrou, estimula “uma ruptura econômica social e moral no povo francês, que já está sendo germinada há algum tempo. Não quero votar branco, seria uma indecisão e, nessas circunstâncias, ela é impossível”.
O deputado, no entanto, deixou claro que se oporá fortemente ao programa econômico de Hollande, o qual considera inapropriado ao país e à crise. No entanto, face a ela, será necessária uma “união nacional”, enfatizando que não se tornará um político “de esquerda”.
Bayrou disse que sua indicação é uma preferência pessoal, e não uma orientação de voto aos seus partidários. Com 9,1% dos votos no primeiro turno, Bayrou não conseguiu repetir nesta eleição o sucesso na corrida presidencial de 2007, quando ficou em terceiro lugar com 18,57% da preferência dos franceses.
Surpresa
A tomada de posição do ex-candidato foi considerada uma surpresa, pois se esperava ou que ele se abstivesse de opinião ou em último caso, apoiasse o candidato à reeleição pela direitista UMP (União por um Movimento Popular), com quem já participou da base aliada na década passada. Na última eleição presidencial, em 2007, Bayrou não se manifestou no segundo turno e admitiu, anos mais tarde, ter votado em branco. Seus eleitores, na época, se dividiram: 20% votaram em branco; 40% para Sarkozy e outros 40% para a socialista Ségolène Royal, que acabou derrotada.
Segundo Bayrou, sua discussão foi longamente discutida com os outros líderes do partido, que se encontra muito dividido entre os dois candidatos. O partido, mesmo quando ainda se chamava UDF (União pela Democracia Francesa), tem uma aliança histórica, embora independente, com os últimos governos de direita presididos por Jacques Chirac. Já em relação a Sarkozy (desde 2007), as divergências sempre foram mais nítidas. Embora criticasse muitas das escolhas dos governos, costumava votar com o partido majoritário.
Outra importante força política centrista, o ex-ministro da Saúde Philippe Douste-Blazy, que já foi integrante da UMP, também anunciou sua preferência pessoal por Hollande.
Além de Bayrou, outros candidatos já deixaram claro seu apoio ao PS no segundo turno, como a verde Eva Joly, Jean-Luc Mélenchon, da Frente de Esquerda e Jacques Cheminade (Solidariedade e Progresso). Os mais próximos ideologicamente a Sarkozy, Marine Le Pen (Frente Nacional, extrema-direita) e Nicolas Dupont-Aignan (Viva a República, neogaulista) não recomendaram votos a nenhum dos candidatos.
O segundo turno da eleição francesa será disputado neste domingo (06/05). Segundo as pesquisas de opinião, Hollande é favorito com um mínimo de seis pontos percentuais de vantagem sobre seu adversário. Bayrou tentará prorrogar seu mandato como deputado nas eleições legislativas de junho.
NULL
NULL