As autoridades jurídicas da Santa Sé abriram uma investigação contra dois ex-diretores do Banco do Vaticano por apropriação indevida de dinheiro, segundo informou neste sábado (06/12) o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Os desfalques apurados nas operações imobiliárias da instituição cujo nome oficial é IOR (Instituto para Obras de Religião) podem chegar a até € 60 milhões. Segundo divulgado pela imprensa italiana, os fatos remontam ao período entre 2001 e 2008 e dizem respeito à venda irregular de 29 edifícios pelo Banco do Vaticano.
Leia também: Vaticano encontra centenas de milhões de euros 'escondidos' em contas da Igreja
Agência Efe
Papa Francisco ordenou em julho uma reestruturação no setor financeiro do Vaticano, após constatar déficit em 2013
Ontem, o responsável pelo setor econômico do Vaticano havia revelado a existência de centenas de milhões de euros “escondidos” em contas da Santa Sé. Segundo o cardeal australiano George Pell afirmou, o dinheiro achado não estava nos balanços financeiros da Igreja.
Em julho, a instituição comandada pelo papa Francisco anunciou uma operação de reestruturação no setor econômico após constatar déficit de € 24,4 milhões no balanço da Santa Sé em 2013.
NULL
NULL
Embora o porta-voz do Vaticano não tenha divulgado a identidade dos acusados, a imprensa italiana afirma ser Angelo Caloia, que presidiu o banco por duas décadas até o ano de 2009, e o ex-diretor Lelio Scaletti, que deixou o IOR em 2007, após 12 anos no cargo. As contas de ambos foram “bloqueadas a título de medida cautelar há algumas semanas”, disse o porta-voz Lombardi.
“O problema foi apresentado à Magistratura do Estado da Cidade do Vaticano pela direção do IOR após operações de verificação interna iniciadas ano passado”, acrescentou Lombardi. O banco, ao rever os balanços e constatar as irregularidades, resolveu denunciar os ex-dirigentes, “ressaltando o compromisso com a transparência e a tolerância zero, inclusive no que se refere a assuntos de um passado mais distante”.
Reforma
Desde que o papa Francisco assumiu o pontificado, a reforma do IOR (Instituto para as Obras de Religião), nome oficial do banco comercial do Vaticano, alvo de diversas denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro, é um de seus maiores desafios.
A partir de agora, todas as contas de clientes serão controladas e só poderão ser correntistas “as instituições católicas, os membros do clero, os empregados ou antigos empregados do Vaticano [para salários e aposentadorias], embaixadas e diplomatas acreditados na Santa Sé”.
O banco anunciou a suspensão de relações com mais de 3 mil clientes que entre outras irregularidades, eram indivíduos ou entidades laicas que não estão autorizadas a manter vínculo com este organismo.
De acordo com o comunicado emitido hoje, “a renovação dos trabalhos será realizada com o propósito de converter o banco em um organismo coerente com a missão de serviço cristão”.
O informe reporta que na primeira etapa das reformas, serão eliminadas as situações de risco e investimentos incorretos herdados de gestões anteriores e prepara uma segunda etapa, que incluirá sua reestruturação.