O partido de extrema-direita francês FN (Frente Nacional) pediu, nesta terça-feira (19/03), que o atacante francês Karim Benzema seja excluído da seleção de futebol por rejeitar cantar o hino nacional no início das partidas.
O atacante do Real Madrid reconheceu que nunca cantou “A Marselhesa”, mas afirmou que isso não afeta seu compromisso com a seleção nacional. Para o jogador, há exagero com relação ao assunto, já que outros ídolos do futebol francês, como Zinedine Zidane, e muitos torcedores também não o fazem.
“Amo a seleção, não entendo como se pode pôr isso em causa. Para mim é um sonho jogar com a seleção da França”, disse o jogador de 25 anos em uma entrevista à rádio RMC. Nascido em Lyon há 25 anos, ele é de uma família de origem argelina. “O importante é que estejamos todos unidos”.
Benzema afirmou que se não cantar “A Marselhesa” no início da partida, mas fizer três gols, ninguém reclamaria.
“Zidane, por exemplo, não cantava obrigatoriamente. E há outros. Não vejo onde está o problema. Inclusive há torcedores que não cantam”, acrescentou o atacante em uma entrevista que será divulgada ainda nesta terça. “Não sou obrigado a cantar o hino e não é por isso que gosto mais ou menos da seleção. Nunca o cantei em toda a minha vida e não o vou fazer agora. Não é por não o fazer que vou deixar de marcar um hat trick”.
No entanto, o ultraconservador Frente Nacional, liderado pela ex-candidata presidencial Marine Le Pen, reagiu e pediu que o jogador deixe de ser convocado para a seleção.
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O conselheiro de assuntos esportivos de Le Pen, Eric Domard, denunciou em comunicado um “desprezo inconcebível e inaceitável à camiseta nacional que Benzema tem a sorte de vestir”, jogador que já atuou 55 vezes com a seleção e marcou 15 gols.
“A Frente Nacional condena esta atitude insultante que suja mais uma vez a imagem da seleção da França, manchada já pelos fiascos de na África do Sul (onde os jogadores provocaram um motim contra o então técnico, Raymond Domenech), os fracassos de alguns jogadores na Eurocopa 2012 e da seleção de base há alguns meses”, disse Domard.
A FN pediu à FFF (Federação Francesa de Futebol) que descarte “definitivamente” os jogadores que tenham uma “motivação e patriotismo covardes”.
“Karim Benzema 'não vê onde está o problema' de não cantar o hino. Os franceses não verão problema de que não jogue mais pela seleção nacional”, acrescentou Domard.
As declarações do responsável de esportes da FN, que acusou Benzema de ser “um mercenário do futebol que cobra 1484 euros à hora”, não é o primeiro ataque da extrema direita francesa contra a seleção nacional.
Além dos comentários racistas em sites dirigidos para os jogadores franceses de origem árabe ou africana, o fundador da Frente Nacional e pai de seu atual presidente, Jean-Marie Le Pen, considerava já em 1996 que é “artificial trazer a jogadores do estrangeiro e chamá-los para seleção da França”.
A seleção francesa enfrentará, na próxima quarta-feira, em Paris, a Geórgia, e no dia 26 de março, a Espanha, também na capital do país e no marco da fase de classificação para o Mundial que será disputado em 2014 no Brasil.
(*) com agências de notícias internacionais