As famílias dos 43 jovens desaparecidos em 2014 em Ayotzinapa, no México, declararam que não aceitarão o acordo de “reparação de danos” feito pelo governo. O caso completa 18 meses neste sábado (26/03).
Neste final de semana, pais, familiares e amigos dos estudantes, junto com movimentos sociais, realizaram manifestações em várias cidades do país. Além de pedir “verdade” e “justiça” para o episósio, eles rechaçaram publicamente as declarações oficiais a respeito de um possível acordo.
Telesur
Familiares dos jovens dizem que não querem dinheiro, e sim “verdade” e “justiça” sobre o caso, que completa 18 meses
Na quarta-feira (23/03), o subdiretor de Direitos Humanos da Secretaria de Governo, Roberto Campa Cifrián, declarou que um convênio seria firmado com as famílias “nos próximos dias” para começar os trabalhos de reparação.
No entanto, Felipe de la Cruz, porta-voz dos pais, disse que não há qualquer acordo a respeito da reparação de danos, e que as famílias não desistirão de sua luta para encontrar os jovens com vida. “Nós seguimos com a busca porque sabemos que nossos filhos estão vivos”, afirmou.
Cruz disse que as famílias foram procuradas em suas casas por representantes do governo mexicano, que lhes ofereceram dinheiro em troca de aceitarem o acordo.
“Vieram nos oferecer dinheiro, mas eles esquecem que, para os pais de família dos 43 desaparecidos, isso é o que menos interessa. Não vamos vender nossos filhos, e a postura do movimento continua a mesma”, disse.
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Os 43 jovens desapareceram em 26 de setembro de 2014, depois de serem abordados pela polícia de Iguala, no México, enquanto realizavam uma manifestação. O episódio resultou em 25 estudantes feridos e 46 detidos. Dos jovens presos, três foram encontrados sem vida, e o resto segue desaparecido. Eles eram estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa
Diagnóstico psicossocial
O governo mexicano informou que quaisquer acordos serão realizados somente depois que o GIEI (Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes) realizar um “diagnóstico de impacto social” sobre o ocorrido em Ayotzinapa.
De acordo com nota da Secretaria de Governo do México, o diagnóstico servirá de base para um Plano de Atenção e Reparação Integral às vítimas, que será colocado em análise junto às famílias. “A reparação integral de dano é muito mais do que o pagamento de uma compensação; deve incluir medidas concretas de restituição, reabilitação, satisfação e, especialmente, medidas de não repetição”, indicou o comunicado.
Em entrevista ao jornal La Jornada, o advogado do Centro de Direitos Humanos da Montanha Tlachinollan, Vidulfo Rosales, disse que, para os pais dos jovens, é improcedente falar em reparação de danos, já que isso seria apostar no encerramento do caso.
Na avaliação de Rosales, a realidade está distante “de uma avaliação psicossocial sobre os impactos e o significado, para a família, do desaparecimento forçado de seus filhos”.
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