Sebastián Dávalos, filho mais velho da presidente do Chile, Michelle Bachelet, se declarou nesta segunda-feira (13/04) culpado em depoimento à promotoria da região de O'Higgins, que investiga irregularidades em um negócio imobiliário.
EFE
Depoimento de filho de Bachelet aconteceu na cidade de Rancagua, situada a 100 quilômetros ao sul de Santiago do Chile
Em mais um capítulo da crise institucional instalada na política chilena, o depoimento de Dávalos faz parte da investigação do promotor regional Luis Toledo, que o acusa de tráfico de influência e de uso indevido de informação privilegiada. “O Ministério Público está realizando seu trabalho para o total esclarecimento destes fatos”, limitou-se a dizer o porta-voz do governo, Álvaro Elizalde.
Na última quarta-feira (08/04), esposa de Dávalos, Natalia Compagnon, proprietária de 50% da empresa Caval, depôs durante nove horas, também como acusada. “Minha sogra não sabia de nada, nunca contei dos meus negócios nem das minhas coisas, porque o fiz de maneira profissional e independente”, argumentou Compagnon na ocasião.
Em fevereiro, a revista Qué Pasa revelou que o Banco do Chile, entidade controlada pelo grupo Luksic, entregou em 2013 um crédito de 6,5 bilhões de pesos (US$ 10,4 milhões) à empresa Caval para a compra de terrenos na região de O'Higgins.
EFE/arquivo
Bachelet e Dávalos, em evento de setembro de 2014: filho de presidente foi questionado possível conflito de interesses
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O fato de o empréstimo ter sido aprovado um dia depois de Bachelet ganhar o segundo turno das eleições, 15 de dezembro de 2013, quando Dávalos trabalhava como gerente de projetos da Caval, atingiu duramente a popularidade da presidente, e fez seu filho renunciar ao cargo de diretor sociocultural da Presidência da República.
Recentemente, Bachelet desmentiu rumores de renúncia em meio à pressão pelo escândalo. “Existe corrupção no Chile, mas não é generalizada, e o fato de que se descubram casos, se investigue e se puna os responsáveis significa que a instituição funciona, e é esse o sinal de confiança que a cidadania espera”, assegurou.
Em março, a mandatária chilena criou uma comissão de especialistas para levantar propostas anticorrupção, que foi criticada pelos movimentos sociais, por contar com representantes dos partidos. O deputado independente Giorgio Jackson, oriundo do Movimento Estudantil chileno, afirmou que a iniciativa carece de sensibilidade, porque a sociedade não ficará satisfeita com uma solução nascida a partir dos próprios suspeitos de corrupção”.