O Fundo Monetário Internacional (FMI) dormiu nos lauréis nos anos
prévios à crise e foi incapaz de prever o desastre devido em parte a
cultura que se opõe ao pensamento crítico”, como revelou relatório da
própria instituição.
O relatório do Escritório de Avaliação Independente (IEO) do Fundo,
publicado desta quarta-feira (09/02), e que examina o período entre
2004 e 2007, assinala que o FMI confiou “em excesso” na solidez das
grandes instituições financeiras e apoiou o comportamento que impera
nos principais centros financeiros globais.
A “frágil” governabilidade interna e a cultura que desalenta o
pensamento crítico tiveram um papel fundamental na citada falta de
previsão, destaca o estudo.
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O relatório chegou à conclusão de que o FMI ofereceu “poucos sinais
claros de advertência” sobre os riscos e as vulnerabilidades associadas
à crise.
A mensagem do FMI nos anos prévios à hecatombe caracterizou-se por um
“excesso” de confiança na solidez das grandes instituições financeiras
e o respaldo ao comportamento que imperou nas principais praças
financeiras internacionais.
“Os riscos associados ao auge imobiliário e as inovações financeiras
foram minimizadas, da mesma forma que a necessidade de regulamentações
mais robustas para enfrentar os riscos”, diz a análise.
Moises Schwartz, diretor da IEO, indicou em comunicado que o FMI deu
“alguns passos” para melhorar seu papel de guarda da saúde econômica do
planeta.
Mas o Fundo, adverte Schwartz, precisa seguir em frente e fazer
“reformas adicionais em sua cultura, práticas e governabilidades”, para
ter melhores condições de lidar com os desafios futuros.
O relatório diz que o FMI deve esclarecer os “papéis e as
responsabilidades” do Conselho Executivo, formado por 24 diretores que
representam os países-membros, assim como os da equipe diretora do
Fundo e os empregados de maior nível na lista.
A IEO insiste na necessidade de modificar as estruturas institucionais
e os incentivos para impulsionar uma melhor avaliação dos riscos, a
colaboração interna, a clareza nas mensagens e a capacidade do Fundo
para desafiar os pontos de vista dos países, principalmente os das
maiores economias.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, agradeceu à IEO por
suas “ideias construtivas”, mas lembrou que o Fundo já fez sua “mea
culpa” por não ter advertido da crise com suficiente tempo e de forma
efetiva. O integrante do Partido Socialista francês destacou que as
recomendações da IEO coincidem com as reformas iniciadas pelo FMI para
alcançar uma instituição “mais receptiva e flexível”.
“O objetivo da agenda de reforma em andamento consiste em redobrar a
vigilância e o financiamento para a estabilidade do sistema”, concluiu
Strauss-Kahn.
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