O partido secular laico Nidá Tunísia (Chamado da Tunísia) aparece como vencedor das eleições legislativas na Tunísia, segundo dados preliminares divulgados nesta segunda-feira (27/10). O resultado do pleito de ontem (26) consolida tendência manifestada em janeiro, quando o Parlamento, ao aprovar a nova Constituição do país, rejeitou a influência religiosa do islamismo no texto das leis.
Agência Efe
Ato de campanha do partido Ennahda em 21/10 em Túnis, capital do país
Mesmo antes da divulgação do resultado oficial, o principal partido islâmico do país, Ennahda, reconheceu a derrota e felicitou o opositor pela vitória por meio do porta-voz, Zied Laadhari. O líder também defendeu a formação de um governo de unidade.
Dos 217 assentos, Nidá Tunísia conquistou 83 – cerca de 38%-, enquanto o Ennahda obteve 68 cadeiras – 31%. A União Livre Patriótica ficou com 17 vagas (7%) e a Frente Popular com 12 (5%). O resultado oficial será divulgado somente no dia 30 de outubro.
O líder do partido Wafa, satélite de Al-Nahda no parlamento nacional, Abderraouf Ayadi, criticou o resultado do pleito. “Foi a comunidade internacional que recolou no poder o antigo regime”, disse.
De acordo com informações da Agência Efe, Ayadi se referia às várias personalidades do regime do ditador Zine el Abidine Ben Ali que se “reciclaram” como militantes do partido vencedor das eleições, aliando-se sem aparente problema aos esquerdistas que antes eram reprimidos.
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Repercussão
O presidente norte-americano, Barack Obama, parabenizou a Tunísia pelo desenvolvimento do pleito.
O governo espanhol também felicitou “o povo e as autoridades tunisianas pelo desenvolvimento em paz e tranquilidade” das eleições “nas quais ficou visível seu apego pela democracia”, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
O titular de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, afirmou que o país “se alegra” do bom desenvolvimento das eleições à Assembleia dos Representantes do Povo.
Transição democrática
No dia 23 de novembro, os tunisianos voltarão às urnas para eleger um novo presidente, como determina a nova Constituição do país, dando início à segunda República Tunisiana após a independência. Assim, o país será o primeiro país da chamada “Primavera Árabe” a ter completado sua fase de transição rumo à democracia.
A vida parlamentar do país vinha sendo conduzida, até então, de forma interina após o processo iniciado após a deposição do presidente Zine al-Abidine Ben Ali, em 2010, após 23 anos no poder.
Embora o partido islâmico Ennhada tivesse maioria na Casa, tanto essa força política como a oposição concordaram com o caráter “civil” e “laico” que a nova Constituição deveria ter. O Enhada também decidiu passar o poder a um governo provisório, preenchido por tecnocratas, que ficaria encarregado de, após a aprovação da Constituição, regulamentar as próximas eleições gerais.