A França confirmou nesta sexta-feira (18/03) que participará da operação militar contra a Líbia após aprovação de resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) ontem (17/03) e que ela acontecerá “em algumas horas”. A resolução estabelece uma zona de exclusão aérea no país no Norte da África e autoriza “todas as medidas necessárias para proteger civis de ataques”.
O texto recebeu dez votos a favor e nenhum contra, mas cinco países – incluindo China e Rússia, membros permanentes do Conselho, e o Brasil – se abstiveram. A embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Viotti, atribuiu a abstenção do país ao texto da resolução. “As medidas adotadas podem causar mais danos do que benefícios. Mas não significa uma aceitação do comportamento do governo líbio”, disse.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, manifestou o receio do governo brasileiro sobre os efeitos causados por ações militares na Líbia. “Uma intervenção militar, mesmo que motivada pelos mais nobres sentimentos, pode desencadear uma onda de violência”, disse.
Hoje, o porta-voz francês e ministro do Orçamento, Francois Baroin, disse à rádio RTL que a ação militar não se trata de uma ocupação, mas sim de uma ajuda as forças de oposição ao regime do líder líbio, coronel Muamar Kadafi. Baroin não quis dar detalhes sobre o momento, a forma e os objetivos militares da operação.
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Questionado sobre a possibilidade de negociar com Kadafi, o porta-voz francês respondeu que, conhecendo-o, não tem certeza que “seja possível entrar em negociação com esse ditador terrorista e sanguinário, haja o que houver”.
Baroin insistiu que “é necessário reconhecer o papel potente” do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para alcançar a resolução da ONU que autoriza a operação militar contra o regime líbio. Ele recordou que a França foi o primeiro país que se pronunciou pela saída de Kadafi do poder, o primeiro a reconhecer os opositores do Movimento Nacional de Transição Líbio e “o que organizou o movimento da comunidade internacional”.
Baroin disse que as autoridades francesas se decepcionaram com a posição da Alemanha, que se absteve de votar na resolução, e pela impossibilidade de alcançar um acordo na semana passada para que o Conselho Europeu se pronunciasse a favor da intervenção militar.
O ministro francês de Relações Exteriores, Alain Juppe, apresentou a proposta, dizendo que “na Líbia, por várias semanas, a vontade do povo tem sido alvejada… pelo coronel Khadafi, que está atacando seu próprio povo”.
“Não podemos chegar tarde demais”, disse Juppe.
Segundo a embaixadora americana na ONU, Susan Rice, a “resolução deve enviar uma forte mensagem ao coronel Kadafi e seu regime de que a violência deve parar, a matança deve parar e o povo da Líbia deve ser protegido e ter a oportunidade de se expressar livremente”.
“Nós continuamos eminentemente céticos em relação à opção militar prevista nesta resolução (da ONU). Nós avaliamos que ela comporta riscos e perigos consideráveis”, declarou o chanceler alemão Guido Westerwelle.
Reação da Líbia
Saif al Islam Kadafi, filho do líder líbio, disse que eles “não têm medo” de uma intervenção militar internacional no país. “Estamos em nosso país e com nosso povo. Não temos medo”, disse o primogênito de Kadafi, considerado seu herdeiro político, em declaração à rede norte-americana ABC após a aprovação do texto pela ONU.
Saif afirmou que a decisão da ONU de “bombardear a Líbia” não ajuda a população, “mas a mata”, e qualificou a resolução de “injusta”, após insistir que as forças líbias nunca fizeram ataques aéreos contra civis e que as informações difundidas a respeito são “falsas”.
“O exército e os voluntários líbios lutaram contra os rebeldes armados e libertaram cinco cidades sem matar um único civil”, acrescentou, ao assegurar que “não ocorreram matanças na Líbia”.
Saif também se referiu aos quatro jornalistas do The New York Times desaparecidos há vários dias na região da cidade de Ajdabiya e confirmou que eles estão nas mãos do exército. Segundo o líbio, eles entraram ilegalmente no país e foram presos pelo exército quando Ajdabiya foi retomada do controle dos rebeldes. Segundo Saif, a única mulher do grupo pode ser libertada no sábado (19/03).
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