O novo presidente de El Salvador, Mauricio Funes, tomou posse nesta segunda-feira (1º) e prometeu uma “revolução pacífica e democrática”. Anunciou também o “imediato” restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba.
“O governo que presido, devido a seu caráter progressista e pluralista, normalizará as relações diplomáticas comerciais e culturais com todos os países da América Latina. Isso significa que imediatamente serão restabelecidos os vínculos diplomáticos, comerciais e culturais com a nação irmã de Cuba”, declarou Funes (abaixo, com a primeira-dama Vanda Pignato) no discurso de posse.
A intenção de normalizar as relações entre os dois países, cortadas há 50 anos, já tinha sido anunciada na campanha. Funes é representante da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), ex-guerrilha marxista salvadorenha. Ao assumir a presidência, ele colocou fim a 20 anos de governo da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), de direita.
Prestigiaram a cerimônia o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o mexicano Felipe Calderón, o colombiano Alvaro Uribe, a secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, o vice-presidente cubano Esteban Lazo, entre outros.
Funes assegurou que buscará combater a pobreza, diminuir a desigualdade social e recuperar a decência do Estado. “As principais metas que temos que alcançar são vencer a pobreza, o atraso político e tecnológico, a marginalização de amplos setores sociais e, principalmente, a desesperança e a falta de perspectiva para nossa juventude”.
Empregos
Como parte de um programa social que será desenvolvido imediatamente, o novo governante prometeu gerar dez mil empregos diretos nos próximos 18 meses, investindo 474 milhões de dólares. Também se comprometeu a implementar um programa de combate à desnutrição, que beneficiará 85 mil crianças de até três anos.
Na capital San Salvador, a maioria dos salvadorenhos se mostra “com esperança” e “otimismo” de que o novo governante cumpra com as promessas de campanha, principalmente a criação de empregos, melhores salários e evitar os abusos nos preços dos produtos da cesta básica.
Uma pesquisa do Instituto Universitário de Opinião Pública (Iudop) da Universidade Centroamericana, divulgada no final de maio, mostrou que Funes assumiu o governo com 82% de popularidade.
Na rua, Juan Carlos Rosales, de 29 anos, um empregado de una empresa de telefonia, disse que a posse de Funes “abre a oportunidade para melhorar o país”, ao dar prioridade a programas sociais.
Funes, um renomado jornalista de 49 anos, levou pela primeira vez um governo de esquerda a administrar o país, após três tentativas. No discurso, ressaltou a condição “insatisfatória” em que está o Estado, por conta de 20 anos de administração da Arena.
O novo presidente recebe um país em crise, com um déficit fiscal de pelo menos 500 milhões de dólares, que pode chegar a 1,2 bilhão no final de 2009, o que equivale a um terço do orçamento nacional.
Pobreza
Cifras oficiais estimam que 40% da população, correspondente a 2,8 milhões de habitantes, vive abaixo da linha da pobreza, enquanto 8% está desempregada e 43% tem empregos informais, sendo a maioria deles vendedores ambulantes.
O país também se transformou no mais violento da América Latina, com uma taxa de 61 homicídios para cada 100 mil habitantes, de acordo com os últimos dados oficiais.
O novo mandatário fez uma referência especial aos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de “amigo pessoal”, e que tomou como exemplo para buscar novas formas de fazer política. “Fomos buscar os exemplos vigorosos, como prova de que líderes renovadores, em vez de serem uma ameaça, significam um caminho novo e seguro para seus povos”.
Ressaltou que o presidente brasileiro “demonstrou que se pode fazer um governo popular, democrático, com economia forte e distribuição justa da riqueza”.
A primeira-dama, Vanda Pignato, é co-fundadora do PT (Partido dos Trabalhadores), junto com o presidente brasileiro.
Lula conversa com Uribe e outros presidentes na posse de Funes
*Colaborou Sarah Germano, da Redação
Fotos: EFE
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