A integridade do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, foi colocada em xeque no último domingo (21) pelo jornal The Observer, que publicou relatos de que ele teria sido agressivo com funcionários.
Após uma onda de críticas que parecia ter se encerrado, Brown foi surpreendido por trechos do livro “The end of the party” (O fim da festa), do jornalista Andrew Rawnsley, divulgados pelo jornal antes do lançamento.
O texto revela episódios que expõem acessos de ira contra assessores, funcionários, porteiros e secretárias, como repreensões agressivas que chegam a beirar a violência física.
“Por que tenho de me reunir com essa gente de merda?”, teria dito certa vez a um assessor que insistia para que fosse tomar café com os embaixadores da União Europeia, convidados para almoçar em Downing Street, a sede do governo.
Outra situação colocada pelo jornal foi um empurrão na cadeira da datilógrafa, que, no entender do primeiro-ministro, escrevia muito devagar. O incidente alarmou até mesmo o chefe de gabinete, Gus O'Donnell, que abriu investigação e cobrou uma mudança de comportamento.
Além disso, socos no banco do carro, xingamentos e até mesmo um caso em que Brown teria agarrado um assessor pelo colarinho são relatados. O autor, classificado pelo The Observer como um dos comentaristas políticos britânicos com melhor acesso ao Partido Trabalhista, garante que ouviu mais de 500 fontes para relatar os casos, incluindo pessoas que integraram o gabinete e altos assessores do governo.
A imprensa local e internacional repecurtiu a noticia e fez piada. Um site de Hong Kong, por exemplo, produziu uma animação simulando as agressões narradas pelo periódico, ironizando Gordon Brown.
Organizações de ajuda a trabalhadores submetidos a abusos também se pronunciaram afirmando terem sido contatadas por pessoas que trabalham no gabinete do primeiro-ministro. Segundo a diretora da National Bullying Helpline, Christine Pratt, nos últimos três ou quatro anos, três casos foram registrados. “Eu mesma tratei do assunto pessoalmente com alguns deles”, disse em entrevista à BBC.
Bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica. Em inglês, “bully” quer dizer “valentão”.
”Jamais bati em alguém”
Com as eleições parlamentares se aproximando, o premiê britânico declarou, em comunicado, horas depois da publicação da reportagem, que as “alegações maliciosas não têm qualquer fundamento”. Ele também se pronunciou em público, por meio de um canal de televisão inglês, com o objetivo de negar as acusações e tentar melhorar a tempo sua imagem de homem fechado, carrancudo e agora violento.
“Se fico zangado, fico zangado comigo mesmo”, disse ao Channel 4, sábado à noite. “Atiro jornais ao chão, ou qualquer coisa como isso”, mas “deixem-me explicar, de modo absolutamente claro, para que não fique nenhum mal-entendido: jamais, jamais bati em alguém na vida”.
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