O governo da Bolívia disse neste sábado (24/09) que o chanceler do país, David Choquehuanca, e mais duas autoridades foram “sequestrados” por um grupo de indígenas que protesta contra a construção de uma estrada. Eles foram capturados pelos índios, que marchavam da Amazônia até La Paz em oposição à obra, que atravessará uma reserva natural.
Segundo o ministro do interior, Sacha Llorenti, os indígenas “contrários aos princípios democráticos” estão usando o chanceler como “escudo humano” para continuar com a marcha.
O ministro acrescentou que os indígenas obrigaram Choquehuanca, o vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, César Navarro, e um general da Polícia de sobrenome Foronda, chefe das operações na região, “a marchar diante deles ” para avançar em direção a cidade de Yucumo e continuar a passeata.
Segundo Llorenti, quatro policiais foram feridos durante os protestos.
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Cerca de 1.500 indígenas marcham há 40 dias contra uma estrada de 300 quilômetros, financiada pelo Brasil, que atravessará a reserva natural do Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis).
A passeata ficou detida uma semana próxima a Yucumo, a mais de 300 quilômetros de La Paz, depois que 400 policiais e centenas de colonos e cultivadores de coca ligados ao presidente Evo Morales fecharam a passagem, mas os manifestantes já superaram a primeira barreira policial e se aproximam da cidade.
Outro lado
Em contraste com a versão oficial, o dirigente das etnias guaranis do sudeste da Bolívia, Celso Padilla, disse a jornalistas que “não é um sequestro”, mas admitiu que os manifestantes se incomodaram pelo fato de o chanceler tomar o partido dos colonos.
O líder dos indígenas, Fernando Vargas, disse a uma rádio local que as mulheres agarraram Choquehuanca para romper o cerco policial e avançar em direção a Yucumo.
“(Choquehuanca) está aqui para garantir a passagem para Yucumo. Ele armou o problema e agora deve solucioná-lo”, acrescentou Vargas.
O chanceler, Navarro e o vice-ministro de Coordenação Governamental, Wilfredo Chávez, chegaram na sexta-feira ao local para tentar dialogar com as etnias.
De acordo com a imprensa local, os indígenas se incomodaram com os enviados de Morales por terem proposto incluir no diálogo os colonos e cocaleiros de Yucumo que fecham a passagem, como se o Governo fosse um mediador alheio ao conflito.
Llorenti acusou os ex-funcionários e ex-aliados do presidente Morales que se uniram na sexta-feira à marcha de ter promovido a violência e os responsabilizou por um possível confronto entre indígenas e camponeses de Yucumo.
As etnias amazônicas e grupos ambientalistas rejeitam a estrada porque temem que esta cause danos ambientais e promova a invasão de camponeses e produtores de folha de coca, base para a fabricação de cocaína, da cidade vizinha de Chapare, reduto político de Morales.
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