Agência Efe (05/10/12)
O presidente da Espanha, Mariano Rajoy, durante reunião em Malta com outro governantes da região mediterrânea
As crescentes manifestações em favor da independência da Catalunha provocaram reações enérgicas entre os principais membros do governo espanhol. O presidente de governo da Espanha, Mariano Rajoy, afirmou, em San Sebastián, no País Basco, região que também possui fortes aspirações separatistas, que não aceitará “de maneira alguma” a separação da região. O ministro da Justiça, Alberto-Ruiz Gallardón, também fez uma declaração forte, ao dizer que “a independência da Catalunha também acabaria com a Espanha”, fazendo com que os dois lados saíssem da zona do euro.
O líder conservador fez um discurso duro, em que pediu para que os catalães refletissem sobre as consequências econômicas de uma eventual cisão. Segundo o chefe de governo, falar hoje de separações “é ficar fora de tudo, da Espanha, da Europa, no meio do nada”, “não é sequer uma opção ideológica”. “É um disparate de proporções colossais quando, na UE (União Europeia), debatemos para fortalecer as uniões política e econômica, quando falamos de união bancária e fiscal e já temos uma união monetária que queremos aperfeiçoar, que outros planejem fazer exatamente o contrário do que vivemos em conjunto com cidadãos bascos e espanhóis”, afirmou.
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Rajoy apelou “à razão e à lógica” para dizer que “a Espanha conta com mais de 500 anos de história e não se pode ir contra o sinal dos tempos nem marchar para trás nem estar contra todos”.
O chefe do Executivo se disse convencido que, na atualidade, “se pode ser quase tudo, menos pequeno”. “Ainda existem alguns que não se deram conta que as fronteiras têm seus dias contados.Hoje a tendência é ser grande”.
Justiça
Gallardón, por sua vez, fazia um discurso para empresários catalães, e disse que a soberania não resolveria os problemas econômicos da região. “Nem a Espanha é o problema nem a independência é a solução”, disse.
O ministro de Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, criticou a manifestação da torcida do Barcelona, historicamente ligada ao movimento nacionalista, no último domingo (07/10), em jogo contra o Real Madrid. “Nosso país não pode dar uma imagem de divisão interna em um momento de convulsão como o que estamos vivendo, em um momento em que todos os países do mundo estão competindo por capitais escassos. Estas manifestações dão uma imagem de desunião ao invés de uma imagem de esforço em conjunto”.
A polêmica
O debate sobre a independência da Catalunha ganhou novo vigor no final de setembro, quando o presidente do governo regional, Artur Mas, da CiU (Convergência e União, nacionalista e conservador) anunciou eleições regionais antecipadas para 25 de novembro. A decisão veio depois da recusa de Rajoy em negociar um novo pacto fiscal com a regional, o que levou a Artur Mas dizer que, sem o acordo, a Catalunha já não mais cabia na Espanha. Segundo as últimas pesquisas, os partidos independentistas teriam cerca de dois terços dos votos.
Neste domingo, no entanto, a população catalã favorável à independência deu uma forte demonstração ao organizar um mosaico gigante com a bandeira da Catalunha em pleno jogo Barcelona x Real Madrid, no Camp Nou, exibido para todo o mundo, além de cantarem o hino regional e gritarem “independência” em diversas ocasiões. Eles também exibiam cartazes com dizeres como “Catalunha, teu próximo passo é a Europa”. No dia 11 de setembro, mais de 20% da população catalã saiu às ruas para pedir a independência, na data conhecida como “Diada”.
Um referendo sobre a autodeterminação deverá será realizado até 2014, mas o premiê Mariano Rajoy disse que ele só poderá ser realizado com a autorização do governo central.
Pesquisa
Também nessa segunda, uma pesquisa divulgada pelo jornal El País e realizada pelo CIS (Centro de Investigações Sociológicas) mostra também que aumentou a parcela da população (favorável à manutenção da unidade espanhola) favorável a um governo mais centralizador, diminuindo a autonomia das comunidades (subdivisões regionais equivalentes a Estados no Brasil). Contra 21,9% em julho, 24,5% dos espanhóis pedem comunidades sem autonomias. Já 70% acreditam que a situação política no país é ruim ou péssima, enquanto apenas 10,% acreditam que ela melhorará em um ano.