A Grécia está empenhada em realizar um programa de privatização e de fusão de órgãos estatais agressivo, conforme adianta relatório do Ministério das Finanças do país, que será entregue no primeiro encontro com a Troika (grupo formado pela Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) nesta quinta-feira (05/07).
Leia mais
Pureza: objetivo real da Troika é destruir estado de bem-estar social na Europa
Conservadores pró-austeridade obtêm maioria do Parlamento grego
A decisão faz parte de um programa formulado pela nova coalizão pró-austeridade na última segunda-feira (02/07). O primeiro ministro e líder do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, se reuniu com os líderes dos partidos aliados Evangelos Venizelos do Pasok e Fotis Kouvelis da Esquerda Democrática em sua própria casa para discutir o plano de governo.
Empresas do estado como a DEPA (Companhia Pública de Gás na sigla grega), a OPAP (loteria na sigla grega), a OSE (Companhia de Ferrovias na sigla grega) e o antigo centro olímpico devem ser privatizados, informou o jornal local Athens News.
Agência Efe
Para incentivar e acelerar este processo, o governo pretende simplificar os trâmites burocráticos para o investimento internacional, seguindo o modelo utilizado no Reino Unido. “Nossas prioridades principais são tornar mais eficiente o setor público e acelerar o processo de privatizações”, explicou o vice-ministro de Desenvolvimento, Notis Mitarakis, durante conferência em Atenas. “Nunca demos as boas-vindas aos investidores e isto tem que mudar”, acrescentou Mitarakis.
NULL
NULL
Segundo o porta-voz do governo, Simos Kedikoglou, a medida tem como objetivo “suavizar” o programa de austeridade que a Grécia está submetida por meio de negociações com a Troika. “Se nós convencermos os credores de que temos uma nova receita orçamentária e que podemos atingir as mesmas metas, então poderemos ajustar o plano de austeridade”, disse ele.
Em troca da privatização, o governo deve propor à Troika uma extensão do prazo de dois anos, de 2012 para 2014, para cumprir o corte orçamentário de 11,6 bilhões de euros exigidos pelo grupo.
A medida deve encontrar oposição da coalizão de esquerda Syriza que se opõe ao programa de austeridade e atualmente, possui 72 assentos no Parlamento grego. “Proporemos obstáculos às medidas [de austeridade] e ao resgate [da troika]. É a única opção viável para a Europa”, disse o líder Alexis Tsipras.
Agência Efe
No final desta semana, a troika se reunirá com os principais representantes da coalizão grega, incluindo o novo ministro das Finanças, o antigo banqueiro Yannis Stournaras.
O grupo deixará uma equipe técnica no país até o dia 22 de julho para avaliar os progressos da Grécia no cumprimento dos objetivos determinados e deve retornar para discutir os resultados no dia 24 de julho.
No ano passado, a troika também visitou a Grécia e definiu como objetivo a entrada de 50 bilhões de euros por meio das privatizações até dezembro de 2015, mas devido às condições do mercado, diminuiu esse valor para 19 bilhões de euros. Na época, diversos manifestantes tomaram as ruas do país para protestar contra as medidas de austeridade responsáveis pelos cortes nos serviços públicos.
Para políticos e militantes de esquerda, o programa estabelecido pela troika é responsável por agravar a crise social no país que atingiu no primeiro trimestre deste ano, a maior taxa de desemprego desde 1998. Mais da metade dos jovens gregos (52,8%) está sem emprego e o número de sem-tetos cresceu 25% apenas em 2011.