Os trabalhadores gregos começam nesta sexta-feira (10/02) o primeiro dia de greve geral em protesto contra o pacote de políticas de austeridade que o governo de Atenas aprovou na quinta-feira (09/02). A paralisação deve durar até o próximo sábado (11/02) e conta com o apoio dos principais sindicatos de trabalhadores dos setores público e privado.
O secretário-geral de uma das maiores centrais sindicais gregas, a Adedy, garantiu que os sindicatos vão promover novas manifestações no centro da capital grega ao longo dos dois dias de greve. Ilias Iliopoulos também informou que os protestos poderiam se estender até o próximo domingo (12/02), data na qual o Parlamento deve votar novas medidas de austeridade.
Na última quinta-feira (09/02), o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, confirmou que os líderes dos partidos políticos que apóiam o governo grego aprovaram o acordo proposto pela Troika – grupo composto por FMI (Fundo Monetário Internacional), UE (União Europeia) e BCE. Ao custo de uma série de medidas de austeridade, a decisão viabilizou o despacho de um novo empréstimo ao país.
A coligação de três partidos políticos gregos, que anunciou ontem ter alcançado um “acordo global”, aprovou demissões em funções públicas e uma redução nos custos de mão de obra no país, para que a Grécia possa receber um empréstimo de resgate de 130 bilhões de euros antes de 20 de março, quando o país terá de reembolsar 14,5 bilhões de euros aos detentores de dívida pública grega.
A Troika deu, contudo, mais 15 dias para que a Grécia apresente um plano de austeridade completo, que inclua a questão dos cortes nas pensões. Nesta sexta-feira (10/02), os ministros de economia do Eurogrupo reuniram-se em Bruxelas, na Bélgica, e exigiram do país mais garantias do programa de austeridade antes que o segundo plano de resgate, no valor de 130 bilhões de euros, seja desbloqueado.
O novo pacote de austeridade prevê um corte de 22% no salário mínimo e uma redução de 15% nas pensões complementares. Em breve, o governo de Lucas Papademos deve demitir 15 mil funcionários públicos como parte dos 150 mil cortes de postos de trabalho estabelecidos para o setor até o ano 2015.
A dívida grega é estimada em 350 bilhões de euros, o que equivale a 160% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. União Europeia, FMI e Banco Central Europeu, os principais credores dos cofres gregos exigem que esse nível seja reduzido para 120% do PIB em um prazo de oito anos.
Semana de negociações
As três maiores bancadas do Parlamento Grego iniciaram negociações com o premiê Lucas Papademos no último domingo (05/02). Sem sucesso, os três partidos que compõe a coalizão União Nacional adiaram para a segunda-feira seguinte (06/02) uma resposta definitiva, mas, novamente, não emitiram nenhum parecer.
Na ocasião, o líder do partido de ultra-direita LAOS, Giorgos Karatzaferis, disse à imprensa que não poderia “em uma hora tomar uma decisão que condicionará o futuro do povo durante 40, 50 anos”. Antonis Sâmaras, do conservador Nova Democracia, seguiu a linha de seu aliado e confessou não poder entregar ao acordo “mais recessão e mais fome”.
Papademos contradisse os dois líderes da direita, e afirmou que, na reunião, foram alcançados alguns acordos, como medidas de redução do gasto público em 1,5% do PIB e a recapitalização dos bancos locais.
Uma resolução definitiva surgiria apenas depois da madrugada da última quinta-feira (09/02), quando os partidos concordaram com as medidas de austeridade propostas pelo premiê. Após oito horas de debates, social-democratas, conservadores e extrema-direita concordaram com todas as estratégias de contenção de gastos apresentadas por Papademos, com exceção dos cortes em pensões.
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