As oito unidades policiais que se encontravam em greve há uma semana aceitaram nesta quarta-feira (27/06) o aumento salarial de 20% proposto pelo governo boliviano, encerrando o motim envolvendo suboficiais e policiais rasos contra o governo. O incremento salarial foi o maior adquirido pelos oficiais em 14 anos, explicou o ministro da Casa Civil, Carlos Romero.
O acordo assinado cria uma Defensoria da Polícia, reconhece a aposentadoria integral dos oficiais e revisa a lei 101 do Regime Disciplinar da Polícia que, segundo os oficiais, lhes tirava direito a legítima defesa. Ela também estabelece outros benefícios salariais, como o fornecimento de alimentação básica.
As negociações devem beneficiar mais de 30 mil oficiais de baixa patente, de forma que o agente mais mal pago irá receber 295 dólares e uma bonificação de 57 dólares por mês. O salário mínimo da Bolívia, um dos países mais pobres da América, é de 144 dólares, e o salário médio da população não passa de 546 dólares.
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Centenas de policiais saquearam e destruíram a sede da Inteligência da Bolívia, perto do palácio do governo de La Paz na sexta-feira (22/06), queimando documentos e computadores. Nas cidades de Cochabamba, Oruro, Potosí e Sucre, os agentes ocuparam no dia anterior (21/06) os Comandos Departamentais e Tribunais da Polícia e incendiaram os arquivos policiais.
A medida em que as negociações emperravam, membros do governo começaram a afirmar que os policiais tinham como objetivo desestabilizar o governo de Evo Morales. “Não tenho provas, mas assim como não tenho provas, não tenho dúvidas de que, por trás destas greves de policiais está a mão imperial, a mão do império ianque e de seus lacaios em cada país”, alertou o líder venezuelano Hugo Chávez.
Histórico
As esposas dos policiais de baixa patente começaram a protestar no início do mês em oito das nove capitais bolivianas para pedir equivalência entre os salários de seus maridos e dos militares. As mulheres realizam greves de fome e ocuparam junto de seus maridos as unidades das Forças Táticas durante a semana passada.
Em comunicado oficial de terça-feira (26/06), suas representantes afirmaram que estavam “prontas para lutar e que não pensam em declinar suas ações até a resolução do conflito”. No início da semana, algumas esposas tiveram de ser internadas em decorrência da falta de alimentos.