A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) reiterou pela terceira vez seu pedido para que o Tribunal Penal Internacional (TPI) investigue “com prioridade os crimes cometidos contra jornalistas em Gaza pelas forças israelenses desde 7 de outubro”.
O pedido foi feito na última sexta-feira (24/05) e anunciado nesta segunda-feira (27/05), no marco da adoção do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 27 de maio de 2015 sobre a proteção de jornalistas em tempos de conflito, que enfatiza a “necessidade imperativa de processar e punir crimes contra jornalistas”.
A denúncia decorre porque “o número de jornalistas mortos pelo exército israelense em Gaza ultrapassou cem e continua a aumentar”.
#Gaza: RSF apresenta 3a denúncia perante o Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra cometidos por #Israel contra jornalistas. Apelamos ao procurador para investigar os casos de mais de 100 jornalistas mortos pelo exército 🇮🇱 em Gaza desde 7/10. 👉https://t.co/xaQJGvcjSS pic.twitter.com/a5o5KZFBb8
— RSF em português (@RSF_pt) May 27, 2024
“Diante dessa erradicação da imprensa palestina, a RSF apresentou uma terceira queixa perante o TPI em Haia, por crimes de guerra cometidos pelo exército israelense contra jornalistas palestinos”, declarou Antoine Bernard, diretor da RSF.
As outras duas queixas da RSF ao TPI aconteceram em 31 de outubro e 22 de dezembro de 2023 após oito casos de jornalistas palestinos mortos e feridos na Faixa de Gaza durante a cobertura da ofensiva israelense.
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Denúncia decorre porque número de jornalistas mortos pelo Exército israelense em Gaza ‘ultrapassou 100 e continua a aumentar”
“A RSF tem motivos razoáveis para crer que alguns desses jornalistas foram vítimas de assassinatos intencionais, outros de ataques intencionais contra civis por parte do exército israelense”, informou Bernard.
A organização pela proteção de jornalistas se preocupa com a impunidade dos crimes de Israel contra os jornalistas no enclave: “aqueles que matam jornalistas estão atacando o direito do público à informação, ainda mais vital em tempos de conflito. Eles devem ser responsabilizados e a RSF continuará a trabalhar nessa direção, em solidariedade com os repórteres de Gaza”, instou.
A organização ainda menciona nomes de alguns dos profissionais da imprensa que perderam suas vidas por ataques do exército de Israel, como Mustapha Thuraya e Hamza al-Dahdouh, dois repórteres independentes contratados pelo canal Al Jazeera, mortos em 7 de janeiro de 2024 durante um ataque de drone israelense que teve como alvo seu veículo quando trabalhavam em Rafah. Neste ataque, um terceiro jornalista, Hazem Rajab, ficou ferido e também consta na denúncia da RSF.
A denúncias também incluem Ahmed Badir, jornalista do site Hadaf News, morto em 10 de janeiro por um ataque aéreo na entrada do hospital Shuhada al-Aqsa em Deir al-Balah; Yasser Mamdouh, correspondente da agência de notícias Kan’an News Agency, morto em 11 de fevereiro perto do hospital Al-Nasser em Khan Younis; Ayat Khadoura, videoblogueira independente morta em 20 de novembro de 2023 por um ataque israelense em sua casa, logo após publicar um vídeo; o cinegrafista do canal de notícias por satélite egípcio Al Ghad, Yazan Emad Al-Zwaidi, morto em 14 de janeiro em Beit Hanoun por um ataque israelense que atingiu o grupo de civis com quem estava; Ahmed Fatima, jornalista do canal de televisão Al-Qahera News, morto em 13 de novembro de 2023 durante um atentado a bomba em Khan Younis; e Rami Bdeir, repórter do veículo palestino New Press, também morto durante um bombardeio israelense em Khan Younis em 15 de dezembro de 2023.