Na opinião do assessor especial do Ministério da Defesa e ex-deputado federal José Genoino, chegou o momento de iniciar a substituição “gradual e responsável” do efetivo militar no Haiti por instituições civis. Para ele, o que diferencia a atuação brasileira de
outras incursões militares é o caráter social e humanitário da missão. Por isso, a presença dos militares seria apenas uma fase do
processo de construção de um Estado de Direito. “Não é missão de ocupação,
nem de imposição. É preciso criar instituições democráticas e defender o
interesse do haitiano. O Haiti não é a Líbia, o Afeganistão ou
o Iraque”, afirmou.
Para Genoino, é preciso concentrar os esforços na saúde, educação,
saneamento básico e construção de estradas, uma vez que o setor de
segurança já não é o mais crítico. “A força militar resolveu o problema
da segurança? A população não está sendo violentada por bandos
criminais? A resposta é sim”, observou. “Vamos criar estruturas civis para fazer funcionar o Estado no Haiti, governado pelos próprios haitianos. Isso é natural, deve ser processual e programando, mas já foi pensado desde o início da missão”, disse o ex-deputado.
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O petista esteve no Haiti este ano para acompanhar a posse do presidente Michel Martelly e considerou a situação tranquila até mesmo em áreas catalogadas como de risco pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Ele acredita que a estratégia de saída deve ser planejada em conjunto com as Nações Unidas e o governo do Haiti. A avaliação de Genoino sobre a redução das tropas segue a mesma perspectiva do ministro da Defesa, Celso Amorim. Durante viagem à Argentina, o ministro afirmou que haverá uma “pequena diminuição”no próximo envio de soldados brasileiros ao Haiti, mas ainda não há um cronograma para a retirada definitiva das tropas brasileiras do país.
O Brasil lidera o comando das forças militares da ONU no Haiti desde o início da missão em 2004. Atualmente, há cerca de 2.100 soldados brasileiros no Haiti, o maior deslocamento de tropas nacionais para o exterior desde a segunda guerra mundial.
O número de soldados enviados ao Haiti é uma decisão de competência exclusiva de cada Estado. Por outro lado, o mandato da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti pode ser renovado por escolha do Conselho de Segurança da ONU, que acontecerá no próximo 15 de outubro.
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