No dia 14 de agosto de 1971, o Bahrein, pequeno estado do Golfo Pérsico com fronteiras marítimas com o Irã, com o Qatar e com a Arábia Saudita, proclama sua independência do Reino Unido e transforma-se em um emirado.
Seu nome significa, em árabe, “dois mares”. Alguns identificam esses “dois mares” como as águas que banham os dois lados da ilha. Outros acreditam que o nome se refere à posição do país como uma ilha do golfo pérsico, separada efetivamente por “dois mares”.
NULL
NULL
As ilhas de Bahrein foram sempre compradas, vendidas e cobiçadas desde a antiguidade, devido principalmente à sua posição estratégica privilegiada. De 1521 a 1602, o país foi ocupado pelos portugueses. Em 1602, com a ajuda dos ingleses, as ilhas foram tomadas pelo Império Persa e tornam-se uma base militar de alta relevância. Ahmad bin Khalifa, príncipe saudita, conquistou a independência da ilha perante o Império Persa em 1783. Vários tratados, firmados no século XIX determinaram, contudo, que o arquipélago se transformasse em um protetorado militar e comercial britânico.
Em 1973, foi promulgada uma constituição que estabelecia o regime monárquico tradicional e criava um sistema bicameral de conselhos – um consultivo e outro de representantes. Esses dois conselhos deveriam equilibrar-se, mas, na prática, o primeiro tem completa ascendência sobre o segundo.
No Bahrein o primeiro ministro e seu gabinete são integralmente indicados pelo monarca. O atual primeiro-ministro (o mesmo desde 1971), bem como a totalidade de seu gabinete pertencem à família real. É interessante observar que no Bahrein a maioria da população (70%) é xiita, mas a família real, Al Khalifa, é sunita.
Economia
WikiCommons
Presidente dos EUA George W. Bush recepciona o rei Hamad bin Issa Al Khalifa na Casa Branca em novembro de 2004.
A produção e o refinamento de petróleo respondem por aproximadamente 60% das exportações, 60% dos ingressos do governo local e 30% do PIB (Produto Interno Bruto). Com uma rede desenvolvida de transportes e de comunicação, Bahrein sedia diversas companhias multinacionais com negócios no Golfo. A extração do óleo era controlada por petrolíferas norte-americanas, mas passou em grande parte para a administração da Bahrein Petroleum Company. A extração de hidrocarbonetos atribuiu fundamental importância ao país, que se tornou então centro produtor e ponto de refino e embarque do óleo cru vindo da Arábia Saudita.
Isso faz do Bahrain um dos principais centros de refino de petróleo, produzindo cerca de 270 mil barris por dia. Está instalada no Bahrein a base naval da poderosa 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, que controla cerca de dois terços das reservas testadas de petróleo do mundo e 45% das reservas mundiais de gás natural da região.
Com a renda do petróleo, diversos projetos industriais estão em andamento, em especial nas áreas de cimento, alumínio e construção naval. O desenvolvimento das atividades bancárias e de serviços transformou Bahrein num dos principais centros financeiros e comerciais do Oriente Médio.
Primavera Árabe
WikiCommons
A maioria xiita tenta firmar-se ali. Um governo dominado pelos xiitas no Bahrein poderia exigir o fechamento da base naval. Sua vitória elevaria a força política da seita nos países em que são minoritários, como Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Um governo do Bahrein mais democrático e influenciado pelos xiitas incomodaria a Arábia Saudita wahabista, que hoje tem o rei sunita do Bahrein como aliado.
Em fevereiro de 2011, os levantes populares do mundo árabe fazem eclodir no país uma onda de protestos. No início daquele ano, milhares de manifestantes xiitas saíram às ruas para exigir a saída do primeiro-ministro Sheikh Khalifa bin Salman Al Khalifa. Tio do rei, ele foi nomeado primeiro-ministro há quatro décadas. Os manifestantes desejavam eleger um primeiro-ministro que representasse a maioria xiita. O principal partido político da seita, com apenas 18 cadeiras de um total de 40 na Câmara baixa, é o Wifaq.
A morte de dois manifestantes ajudou a mobilizar a multidão. Numa rara concessão, o rei Al Khalifa pediu perdão pelas mortes e prometeu que os responsáveis seriam julgados. Antes, a Arábia Saudita já enviava blindados para reprimir os manifestantes.
A população do Bahrain é de pouco mais de 1,2 milhão de pessoas, 54% das quais são trabalhadores expatriados levados para lá – metade dos quais indianos. Os demais 568 mil são nascidos no Bahrein. Estima-se que cerca de 375 mil sejam xiitas.
No Golfo, em geral, trabalhadores estrangeiros não votam, não recebem visto de residentes permanentes e nem o direito de cidadania. Trata-se de um país onde seus dois terços de cidadãos xiitas não são proporcionalmente representados no Senado e são minoria até na Câmara Baixa. Não apenas a Câmara alta dominada pelos sunitas pode vetar medidas aprovadas pela Câmara baixa, mas o próprio rei pode vetar leis aprovadas e pode prorrogar o mandato dos representantes no Parlamento sempre que queira.
Também nesse dia:
1956 – Morre o poeta e dramaturgo Bertold Brecht
1900 – Termina a Revolta dos Boxers na China
1952 – É cunhada a expressão “terceiro mundo” pelo demógrafo Alfred Sauvy
1980 – Lech Walesa lidera greve no estaleiro Gdansk, na Polônia