A polícia de Honduras prendeu nesta segunda-feira (02/05) quatro homens suspeitos de terem participado do assassinato da líder indígena e ativista ambiental hondurenha Berta Cáceres, há dois meses. Segundo as autoridades locais, dois dos suspeitos possuem ligações com a empresa que está construindo uma usina hidrelétrica contra a qual Cáceres militava.
EFE
Autoridades hondurenhas realizaram nesta segunda-feira (02/05) dez operações em três cidades do país
Foram realizadas dez operações simultâneas na capital Tegucigalpa e nas cidades de La Ceiba e Trujillo. O Ministério Público hondurenho anunciou a identidade dos suspeitos: Douglas Geovanny Bustillo, Mariano Díaz Chávez, Edilson Duarte Meza e Sergio Rodríguez Orellana.
Rodríguez é engenheiro da hidrelétrica Agua Zarca, que está sendo construída pela Desa (Desarrollos Energéticos SA). Segundo queixa prestada por Cáceres, Rodríguez ameaçou a ativista de morte dias antes do assassinato. Bustillo é ex-chefe de segurança da Desa.
NULL
NULL
Familiares e apoiadores de Cáceres criticam a investigação do assassinato, que ouviu primeiro pessoas próximas à ativista e somente após 11 dias se dirigiu à Desa . Eles pressionam para que haja uma investigação independente e internacional sobre o caso e dizem que o governo do país não é isento para analisar o crime.
Goldman Environmental Prize/Divulgação
Berta Cáceres foi assassinada no último 3 de março
“O Estado hondurenho está próximo demais do assassinato da minha mãe para conduzir uma investigação independente. Foi o governo que enviou militares e policiais para trabalhar como guardas privados da Desa, que ameaçou minha mãe”, disse Laura Cáceres, filha de Berta, ao jornal inglês The Guardian. Segundo ela, apenas a pressão de apoiadores e da comunidade internacional fez com que a investigação continuasse.
Cáceres era coordenadora do Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras) e lutava contra a construção da hidrelétrica Agua Zarca, que ocorre no rio Gualcarque, considerado sagrado pelo povo indígena Lenca, do qual fazia parte.
A Desa não se pronunciou sobre o caso.