Milhares de hondurenhos voltaram às ruas em todo o país nesta segunda-feira (28/06), marcando o primeiro aniversário do golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya.
Em Tegucigalpa, a grande manifestação da FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular) coincidiu com a instalação da Comissão da Verdade. Essa instância, promovida pela Plataforma de Direitos Humanos para esclarecer os fatos ocorridos no rastro do golpe, pretende ser uma alternativa efetiva à Comissão da Verdade e Reconciliação, criada em abril deste ano pelo presidente Porfirio Lobo.
Giorgio Trucchi
Manifestantes marcam um ano do golpe
Segundo Carlos H. Reyes, membro da diretoria da FNRP, existe uma intenção de ocultar, em âmbito nacional e internacional, “o golpe de Estado, a Resistência e todos os delitos de lesa-humanidade cometidos no país”. Reyes, também líder sindical, explicou ao Opera Mundi que a enorme manifestação do povo hondurenho é “uma demonstração de que ele já se conscientizou de seus direitos e de que a decisão de buscar uma Assembleia Nacional Constituinte é correta”.
Durante a manifestação, que percorreu as principais ruas da capital e terminou diante do Congresso Nacional, a FNRP anunciou que já coletou mais de 650 mil assinaturas em todo o país e espera alcançar a meta de 1,2 milhões em 15 de setembro deste ano.
Embora os atuais deputados tenham revogado a Lei de Participação Cidadã e não exista no país um instrumento jurídico para que a população promova uma reforma constitucional por meio da coleta de assinaturas, a FNRP vê a iniciativa como uma maneira de demonstrar “a necessidade de um novo pacto social, por meio de uma nova Constituição”, afirmou Reyes.
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Para o membro da Resistência, o aniversário representa uma condenação do golpe de Estado “e uma felicitação pelo nascimento da força política que transformará este país”.
Uma Comissão da Verdade alternativa
Durante a passeata, os manifestantes se dirigiram ao local onde a Plataforma de Direitos Humanos celebrava a criação da Comissão da Verdade. A nova instância, formada por vários juristas, defensores dos direitos humanos, acadêmicos e pesquisadores e apoiada por uma numerosa equipe de técnicos, comprometeu-se a apresentar os resultados da investigação em 28 de junho de 2011.
Diferentemente da comissão instalada pelo governo, que pretende tornar públicas suas conclusões só depois de 10 anos, a Comissão da Verdade garantiu que divulgará de imediato seu informe final.
Giorgio Trucchi
Diante de uma sala lotada, o diretor executivo do CPTRT (Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação de Vítimas de Tortura e seus Familiares), Juan Almendares, disse que a comissão vai “investigar e descobrir os fatos ocorridos durante e depois do golpe” e conquistar “a confiança do povo hondurenho e da comunidade internacional”.
Almendares elogiou a presença e o apoio incondicional da Resistência. “Devemos ter fé e confiança na ideia de que vamos mudar Honduras”, afirmou. “E de que os resultados desta investigação será a base para a abertura de processos contra aqueles que violaram os direitos humanos.”
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*Tradução: Alexandre Moschella
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