O candidato da aliança opositora MUD (Mesa de Unidade Democrática), Henrique Capriles, questionou a transparência do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano, responsável pela eleição presidencial desse domingo (14/04). “Esperamos que o que diga o CNE seja uma cópia fiel do que o povo disser. Isso é fundamental! Que amanhã o árbitro diga o que o povo disse. O CNE não pode ser um partido político”, afirmou Capriles.
Efe
Capriles também colocou suspeita sobre o comportamento do governo venezuelano durante o processo eleitoral
Em coletiva de imprensa convocada na noite deste sábado (13/04), horas antes da realização do pleito presidencial, o governador de Miranda ressaltou que a oposição não irá “aceitar que a vontade do nosso povo seja torcida”, sublinhando que a MUD realizará contagem rápida e levará testemunhas aos centros de votação do país. “O que o povo disser, eu acato”, disse, complementando que “amanhã respeitaremos o resultado que o nosso povo emita”.
Segundo Capriles, “o povo não vai aceitar que alguém pretenda desconhecer a vontade do nosso povo. Vamos aceitar os resultados que o povo decida”, insistiu, sem deixar claro se irá reconhecer o boletim apresentado pelo CNE amanhã, com o resultado da votação.
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Ele também colocou suspeita sobre o comportamento do governo venezuelano durante o processo eleitoral. “Esperamos que os senhores do governo permitam que o processo se desenvolva em paz. Amanhã será uma luta contra o poder”, disse.
Capriles afirmou que se trata de um momento de “muita tensão, ansiedade, incerteza”, pois “algumas pessoas, em vez de transmitir tranquilidade, plantam elementos de perturbação, de tentar criar um cenário diferente”. Ele acusou o governo de abuso de poder. “Eu respeito a normativa eleitoral, mas quem está no poder não conhece algo diferente de abusar do poder. Isso é parte sobre o que vamos decidir no dia de amanhã”, continuou.
Questionamentos
A oposição venezuelana vem questionando a segurança e isenção do processo eleitoral desde antes do início da campanha. Durante discurso para anunciar sua candidatura, em 10 de março, Capriles acusou o CNE de já ter “tudo pronto” para a eleição de 14 de abril, pois a data foi anunciada com rapidez, cinco dias após a morte de Hugo Chávez. Em 8 de março, após jurar como presidente interino, Maduro convocou o novo pleito.
Poucos dias depois, o maior jornal opositor, El Nacional, publicou em editorial que o CNE é um “obstáculo permanente” para eleições livres e justas na Venezuela, e chegou a insinuar que o voto já não é uma forma de promover mudanças no país. Quem também fez comentários sobre o CNE foram os Estados Unidos. A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA para América Latina, Roberta Jackson, afirmou em março que julgava difícil que a Venezuela tivesse eleições “abertas, livres e transparentes”.
Essa semana, Capriles se recusou a assinar um documento, disponibilizado pelo CNE a pedido da campanha do candidato Nicolás Maduro, no qual os candidatos se comprometiam a aceitar os resultados e reconhecer a competência do órgão eleitoral como árbitro do pleito.