Grupos de manifestantes invadiram o edifício do Congresso do Paraguai nesta sexta-feira (31/03) e incendiaram o prédio após senadores aprovarem uma emenda constitucional que abre caminho para a reeleição presidencial, vetada no país desde 1992. Ao menos uma pessoa morreu e quinze ficaram feridas.
O presidente do país, Horacio Cartes, pediu aos cidadãos que mantenham a calma e não se deixem levar pela violência.
“Diante das cenas de vandalismo ocorridos nas últimas horas contra a sede do Governo Nacional, peço à população que mantenha a calma e não se deixe levar pelo que há meses vêm anunciando fatos de violência e derramamento de sangue”, disse Cartes, através de um comunicado.
Ele acrescentou que o incêndio no Congresso “demonstra, mais uma vez, que um grupo de paraguaios na política e em meios de comunicação de massa, não pouparão esforços para conseguir o objetivo que é destruir a democracia e a estabilidade política e econômica do país”.
“A democracia não é conquistada e defendida com violência e podem ter certeza que este governo seguirá se esforçando para manter a ordem jurídica na República. Peço a todos meus compatriotas que dialoguem e respeitem as opiniões contrárias”, afirmou.
Agência Efe
Manifestantes incendiaram entrada do Parlamento do Paraguai
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O presidente da Câmara de Deputados do país desmarcou a sessão programada para este sábado (01/04) que discutiria o texto, em decorrência das cenas de violência.
Reeleição
Na terça-feira (28/03), 25 senadores aprovaram uma mudança em artigos do regimento do Senado para facilitar a apresentação de uma emenda que autoriza a reeleição de presidentes. A emenda permite uma nova candidatura presidencial de Fernando Lugo, destituído em um golpe parlamentar em 2012 e hoje senador, e de Cartes.
As mudanças no regimento alteram a maioria necessária para que sejam aprovadas moções de ordem, que caem da maioria de dois terços (30 senadores) para maioria absoluta (23). Elas também tiram o poder do presidente do Senado de não colocar à apreciação projetos ou comunicações e modificam o calendário de eleição da mesa diretora da Casa.
A emenda tem apoio dos partidos de Lugo e Cartes. Por outro lado, o Partido Liberal, o maior da oposição e líder das manifestações, além de outras forças opositoras, alegam que a emenda é anticonstitucional como meio de facultar um segundo mandato presidencial.
Uma pesquisa de intenção de voto para as eleições de 2018 no Paraguai publicada no começo de março pelo jornal Última Hora indica que Lugo tem 52,6% da preferência do eleitorado para a Presidência do país. Cartes, presidente desde agosto de 2013, apareceu em segundo lugar com 11,9%.