Agência Efe
Em seu discurso na 68ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (24/09), o novo presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou que seu país “tem sido um mensageiro de paz e segurança” e “não é uma ameaça à segurança internacional”. Além disso, ele atacou as sanções impostas pela comunidade internacional aos iranianos por seu suposto programa nuclear.
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“Ao lado do medo, existem novas esperanças de ‘sim à paz’ e ‘não à guerra’”, declarou Rouhani, no início do discurso. “A eleição iraniana foi a realização dessa esperança. O Irã foi uma âncora de estabilidade em um oceano de instabilidade”, acrescentou o presidente, pouco antes de dizer que “sanções são manifestações de violência estrutural e desumana contra a paz, as pessoas comuns são vitimizadas, não as elites”.
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“Essas sanções são violentas, pura e simplesmente, não importa se são chamadas de inteligentes ou não, multilaterais ou unilaterais”, criticou Rouhani. “O impacto negativo [das sanções] não ocorre meramente nos países alvos, mas também nos países que as impõem”.
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Rouhani ainda voltou a negar que o Irã queira produzir armas nucleares, afirmando que esse tipo de armamento “nunca teve e nunca terá lugar na nossa doutrina de segurança nacional, sendo também rejeitado em instâncias morais e religiosas. O programa nuclear do Irã e, aliás, de todos os outros países, deve existir exclusivamente para fins pacíficos”.
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Na última semana, em entrevista à emissora norte-americana NBC News, o presidente já havia afirmado que o Irã “nunca desenvolverá armas nucleares, sob nenhuma circunstância”, posicionamento apoiado pelo líder espiritual do país, aiatolá Ali Khamenei.
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Rouhani afirmou também no discurso que “as pessoas estão cansadas de violência, guerra e extremismo” e criticou indiretamente Israel, dizendo que “os palestinos têm seus direitos negados e têm que viver sob ocupação”. “O que foi e tem sido praticado contra o povo inocente da Palestina é nada menos que violência estrutural”, afirmou.
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Outros países
Além de Rouhani, os presidentes de países como Brasil, EUA, França e Chile também discursaram no primeiro dia de debates gerais da Assembleia.
A presidente Dilma Rousseff, que abriu os debates, fez um discurso que teve como focos principais o repúdio brasileiro à espionagem norte-americana, da qual foi vítima direta, e a valorização das conquistas do Brasil nos últimos dez anos. Além disso, ela criticou o “imobilismo” do Conselho de Segurança e pediu reformas também no FMI.
Dilma teceu críticas a Washington e reiterou que não aceita a justificativa do governo de Barack Obama de que a espionagem tem papel decisivo no combate ao terrorismo. A prática já a havia levado a adiar a visita oficial que faria aos EUA no dia 23 de outubro.
Barack Obama, por sua vez, fez apenas uma menção sutil ao escândalo de espionagem em que sua administração se viu envolvida após documentos revelados pelo ex-analista da CIA e da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) Edward Snowden. Ao falar sobre a Síria, o presidente norte-americano acusou diretamente Bashar al Assad pelo ataque químico do dia 21 de agosto e defendeu a intervenção militar dos Estados Unidos em outros países.
François Hollande, da França, pediu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas adote uma resolução sobre as armas químicas da Síria que preveja “medidas coercitivas”. Ele também apresentou três exigências à resolução que é negociada no máximo órgão da ONU, entre as quais a inclusão de medidas estabelecidas no Capítulo VII da Carta da ONU “que abrirá o caminho para uma possível ação armada contra o regime em caso de não cumprimento de suas obrigações”.
Sebastian Piñera, do Chile, seguiu uma linha diferente e citou uma possível reforma no Conselho de Segurança, enfatizando a necessidade de aumentar o número de membros permanentes e não-permanentes, para assegurar representação regional proporcional.
Além disso, ele insistiu que os países com direito a veto devem se abster de exercer esse direito em casos de crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio de limpeza étnica. Segundo ele, “a justificativa do veto precisa ser abandonada, porque é uma relíquia de um mundo que não existe mais”.