“Os Estados Unidos buscam um pretexto para fazer no Iraque e na Síria o que fizeram com o Paquistão. [Poder] bombardear onde querem sem autorização”. Com essa justificativa, o líder Supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, rechaçou o pedido dos Estados Unidos para cooperar na luta contra o grupo EI (Estado Islâmico), que controla parte dos territórios sírio e iraquiano. O grupo gerou comoção mundial após divulgar vídeos de jornalistas norte-americanos sendo decapitados.
Agência Efe
Líderes de 30 países se reuniram para debater formas de cooperar com o Iraque na luta contra o EI
As declarações do líder iraniano encerram as especulações sobre a possível cooperação do país com Washington. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, telefonou pessoalmente para o ministro de Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, que também recusou a proposta, como informou Khamenei.
O governo iraniano não foi convidado a participar da cúpula internacional realizada nesta segunda-feira (15/09), em Paris, na qual 30 países se comprometeram a ajudar o Iraque na luta contra o Estado Islâmico.
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“Os Estados Unidos, por mediação do embaixador no Iraque, solicitou [nossa] cooperação contra o EI. Neguei porque [os norte-americanos] têm as mãos manchadas neste assunto”, disse Khamenei, referindo-se à aliança dos EUA com a Arábia Saudita e outros países que o Irã considera responsáveis pela propagação do grupo jihadista.
Khamenei também declarou que “quem freou o EI no Iraque não foram os EUA, mas o Exército e as forças populares iraquianas”, em referência à ruptura do cerco de Amerli. A proposta iraniana é que, para fazer frente ao grupo, é preciso “reforçar os governos iraquiano e sírio” e se nega a aceitar um possível bombardeio à Síria.
De acordo com o jornal espanhol El País, a ação Amerli fortaleceu a tese de que haveria algum tipo de entendimento entre o Irã e os Estados Unidos. Isso porque a aviação norte-americana bombardeou as posições do EI horas antes da ação que permitiu que o Exército iraquiano e as milícias xiitas treinadas pelo Irã conseguissem retomar a cidade que estava sitiada há 75 dias.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, no entanto, confirmou que diplomatas conversaram com o Irã sobre a ameaça do EI, mas indicou que não seria realizada nenhuma coordenação militar entre as nações.