O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi hoje (24) o terceiro chefe de Estado do Oriente Médio a defender, em viagem ao Brasil, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participe como mediador para a paz no conflito entre israelenses e palestinos, somando voz ao que já tinha sido proposto por Shimon Peres, de Israel, e Mahmoud Abbas, da Autoridade Nacional Palestina.
Em suas viagens por países da América do Sul, os líderes do Oriente Médio têm argumentado que o Brasil tem capacidade de ajudar no processo de paz, que se arrasta há décadas na região.
O presidente palestino, que visitou o país na última sexta-feira, reiterou hoje, já na Argentina, sua vontade de ter o presidente brasileiro como mediador. Segundo entrevista publicada no jornal argentino Clarín, Abbas assegurou que Lula é capaz de assumir tal posição por ter relações de confiança com ambas as parte envolvidas, além de manter boa relação com o governo norte-americano.
Abbas declarou ainda que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, “não está fazendo nada por enquanto” para retomar as negociações entre palestinos e israelenses. “Mas ele nos convidou a reativar o processo de paz. Espero que no futuro possa ter um papel mais importante”, acrescentou.
O presidente iraniano não mencionou explicitamente as diferenças de seu governo com Israel, apenas avaliou o papel do Brasil no cenário internacional e assegurou que Lula “pode ter um papel ativo” na busca pela paz. Ahmadinejad deu ainda “boas-vindas à presença do Brasil na Ásia e no Oriente Médio”, por considerar que o país “pode fortalecer a cooperação” e também “contribuir para a estabilidade” na região.
Lula aceitou a proposta e destacou o fato de que o Irã “pode ter um papel decisivo para a paz no Oriente Médio “, assim como pode ser “especialmente importante” para conseguir a “união” dos palestinos.
Convite
No dia 12 deste mês, Lula recebeu a visita do presidente de Israel, Shimon Peres. Na ocasião, o israelense foi o primeiro a convidar o presidente brasileiro a participar das conversações de paz no Oriente Médio, e confirmou a decisão de Israel de retomar as negociações com os palestinos, sob a fórmula “dois povos, dois Estados”.
“Venha, senhor presidente, e acenda a luz da paz no Oriente Médio”, disse Peres a Lula, na ocasião. O presidente respondeu que a região “pode contar com o Brasil para a construção de uma paz duradoura, cujas repercussões positivas beneficiarão toda a humanidade”.
Apesar da aparente vontade de ambos os lados de ter o Brasil como mediador, para o cientista político Ely Karmon, da Universidade de Haifa, em Israel, isso não será possível. “O Brasil está longe demais, e eu não tenho tanta certeza se o país está tão envolvido na política do Oriente Médio para entendê-la”, diz o especialista.
O presidente brasileiro anunciou que deve visitar Israel e Palestina em março do ano que vem, e que espera ir ao Irã em abril ou maio do mesmo ano.
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