Reprodução/Twitter
O jornalista Vladimir Villegas Poljak (foto), irmão do ministro de Comunicação da Venezuela, Ernesto Villegas, afirmou na noite desta segunda-feira (13/05), que não assumirá a direção geral da TV opositora Globovisión, conforme havia anunciado no início do mês. A negociação para a venda da emissora foi finalizada ontem, segundo o vice-presidente do canal, Carlos Zuloaga.
“Tendo em vista as diferenças que surgiram com a nova diretoria da Globovisión, não assumirei a Direção Geral do canal”, expressou Vladimir Villegas em sua conta no Twitter. “Não houve consenso em relação às propostas em termos de programação nem em relação às minhas competências”, afirmou, garantindo que a decisão foi tomada “nos melhores termos” com os acionistas do canal.
Em seu programa de rádio local e em entrevistas a meios locais, o jornalista, de 49 anos, tinha afirmado que sua ideia era implementar um jornalismo imparcial na emissora. Segundo ele, o canal deixaria de ser a “casa de um partido político”: “É um desafio difícil, não é simples. Trata-se de navegar em meio a um país muito polarizado, dividido, com uma situação de animosidade política bem complicada”, opinou.
Em entrevista ao jornal El Nacional publicada nesta segunda-feira (13), Villegas afirmou que sua missão na Globovisión seria fazer jornalismo sem renunciar às suas posições “que todos conhecem e que sempre defendi”. Na ocasião, afirmou que alguns esperavam que a Globovisión mudasse completamente, enquanto alguns queriam que a política da emissora não fosse alterada. “Não poderei agradar a ambos os setores”, explicou ele, que manifestou intenção de implementar mudanças “dentro da continuidade”.
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No dia da nomeação, o apresentador Leopoldo Castillo, que passa para a diretoria do canal, esclareceu que o dia em que “não possa continuar com o espírito da Globovisión, até logo”. “Vem um período em que temos que estar muito atentos ao que acontece, porque essa janela [de comunicação] não pode ser fechada”, afirmou em seu programa. Outros âncoras e apresentadores, muitos declaradamente opositores, também manifestaram preocupação com a designação do irmão do ministro Ernesto Villegas para um dos cargos mais importantes da emissora.
Na noite desta segunda, também pela rede social Twitter, Villegas pediu desculpas pela “expectativa” gerada em torno à sua nomeação como diretor do canal. Sua nomeação indicava que o canal diminuiria o tom das críticas ao governo, com o qual trava batalha desde o início da gestão chavista, como quando apoiou o frustrado golpe de Estado contra Hugo Chávez, em 2002, em consonância com outras três emissoras.
A maioria acionária do canal será vendida ao economista Juan Domingo Cordeiro – ligado ao setor financeiro –, além de Raúl Gorrín Belisario e Gustavo Perdomo, empresários do ramo de seguros. Em uma carta lida por Carlos Zuloaga, seu pai e fundador da emissora, Guillermo Zuloaga, afirmou que, pela venda, foi acusado de “não ter consciência cidadã e de ser o culpado se a oposição [venezuelana] não triunfar”.
Refugiado nos Estados Unidos desde 2010, depois de ser acusado de usura (cobrança abusiva de juros) e associação criminosa, Zuloaga acusou o falecido presidente Hugo Chávez de exercer um governo “autoritário” que tornou a emissora “inviável” sob sua direção. A Globovisión acumula multas e processos por parte da Conatel (Conselho Nacional de Telecomunicações), órgão regulador das comunicações do país por omitir trechos da Constituição em reportagem e provocar “ansiedade” na população, entre outras violações das regulações para a mídia local.