O governo de Israel aprovou a construção de 2.502 novas casas em assentamentos judaicos no território palestino ocupado da Cisjordânia, anunciou nesta terça-feira (24/01) o ministro da Defesa israelense, Avigdor Liberman.
A decisão foi anunciada dois dias após a aprovação da construção de 566 casas em assentamentos em Jerusalém Oriental, também território palestino ocupado por Israel, no último domingo (22/01), mesmo dia da conversa telefônica entre Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, e Donald Trump, novo presidente dos Estados Unidos, na qual os dois discutiram seus planos para a região.
Leia também: 'Tem que piorar para melhorar': o que ativistas palestinos esperam do governo Trump e de seu apoio a Israel
“Estamos construindo – e vamos continuar construindo”, declarou Netanyahu após o anúncio de hoje. Na segunda-feira (23/01), o primeiro-ministro informou membros de seu gabinete que decidiu suspender todas as restrições sobre construções israelenses em Jerusalém Oriental, que haviam sido estabelecidas devido à pressão internacional, especialmente dos EUA sob o governo de Barack Obama.
Agência Efe
Casas em construção no assentamento israelense de Ma'ale Adumim, no território palestino ocupado da Cisjordânia
A maioria das unidades aprovadas hoje está localizada nos blocos de assentamentos, e cerca de 100 delas serão erguidas nas colônias de Betel e Migron, informou em comunicado o Ministério da Defesa.
Os imóveis serão construídos em Ariel (900 unidades); Ma'ale Adumim (90), Efrat (21), Elkana (18) Inmanuel (166), Migron (86), Betel (20), Oranit (150), Giv'at Ze'ev (100), acrescentou o jornal israelense Haaretz.
A nota oficial do governo de Israel assegura que também será desenvolvida uma zona industrial perto de Hebron, “uma das maiores infraestruturas previstas até agora”.
No fim de dezembro, a abstenção dos EUA em uma votação no Conselho de Segurança da ONU permitiu a aprovação da resolução 2334, que condena os assentamentos israelenses em território palestino e que exige o fim de tal política.
NULL
NULL
Por meio de seu porta-voz, Mahmoud Abbas, presidente do Estado Palestino e da Autoridade Nacional Palestina, afirmou que a decisão do governo israelense “afronta a comunidade internacional” e “terá consequências”. “A decisão de adiar qualquer tentativa de restaurar a segurança e a estabilidade irá fortalecer extremistas e o terrorismo”, declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino.
A ONG israelense Peace Now também condenou a decisão, que classificou como uma “medida desesperada” de Netanyahu para desviar a atenção das acusações de corrupção por que ele está sendo investigado. O primeiro-ministro está “levando Israel a uma realidade de um Estado binacional. O preço desta manobra transparente de Netanyahu será pago a custo dos cidadãos israelenses”, declarou a organização.
Ao contrário de Barack Obama, cujo governo condenou reiterada e publicamente a expansão dos assentamentos israelenses em território palestino movida por Netanyahu, Donald Trump – a quem o primeiro-ministro israelense chama “amigo” – aparentemente apoia os planos do governo de Israel de intensificar a ocupação sobre os territórios palestinos.
Segundo o jornal Times of Israel, David Friedman, apontado por Trump como novo embaixador norte-americano em Israel, é presidente da organização “American Friends of Beit El Institutions”, um grupo que angaria fundos para uma instituição ligada ao assentamento de Beit El, na Cisjordânia. Tanto Trump quanto seu genro, Jared Kushner, que o presidente nomeou como seu assessor, já fizeram doações para a organização liderada por Friedman.