A Itália advertiu, neste domingo (14/06), que adotará represálias contra a União Europeia caso os governos não façam sua parte para receber os imigrantes que pedem asilo. O aumento do tom do governo italiano se dá no terceiro dia de acampamento de pessoas, vindas da África, que tentam chegar ao norte da Europa. O país teve que improvisar um campo de refugiados, enquanto os governos reforçam cada vez mais as fronteiras.
“As respostas que a Itália está recebendo são insuficientes. Distribuir sozinha 24 mil pessoas é quase uma provocação”, afirmou o primeiro ministro italiano, Matteo Renzi, em entrevista ao jornal Corriere dela Sera. O premiê se reunirá nos próximos dias com o presidente francês, Francois Hollande, o premiê britânico, David Cameron, o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Junker, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Agência Efe
Simpatizantes da direita francesa realizaram protesto na fronteira com a Itália contra a entrada de imigrantes no país
Renzi se refere à proposta do Conselho Europeu para fazer frente à crise de imigração. Em dez dias, o conselho apresentará uma proposta segundo a qual os países membros distribuirão, entre si, 40 mil refugiados: 24 mil que desembarcaram na Itália e 16 mil que chegaram à Grécia.
A proposta, no entanto, está aquém da realidade, uma vez que o país já recebeu 57 mil refugiados em 2015 e espera receber ainda este ano mais de 150 mil pessoas, estimativa que não inclui as dezenas de milhares de imigrantes econômicos, que chegam em embarcações precárias à busca de melhores condições de vida.
Na entrevista ao Corriere dela Sera, Renzi lembrou que a UE é responsável pela guerra civil na Líbia “após ter atuado há quatro anos [para derrubar Muammar Kaddafi] e pela escassa atenção que posteriormente deu a esse país norte-africano”.
Apesar de não ter especificado que medidas poderá tomar com relação à UE, Renzi ameaçou adotar um “plano B”: “Nos próximos dias vamos ver muito da identidade europeia e nossa voz soará forte porque é a de um país fundador. Se o Conselho Europeu escolher a solidariedade, pois bem, se não, teremos preparado um plano B”, afirmou.
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Já o ministro do interior, Angelino Alfano, disse que a UE vai topar com “uma Itália diferente” se não aprovar um plano de redistribuição de refugiados durante uma reunião com ministros do interior nesta semana em Luxemburgo.
Além disso, Roma também prometeu pressionar para obter ajuda europeia para repatriar os imigrantes que não se enquadrem para receber asilo e ressaltou que, no último ano, o país arcou com os custos para repatriar 16 mil pessoas que não se enquadraram como refugiados.
Agência Efe
Mais de 150 pessoas estão bloqueadas na Itália, sem poder cruzar a fronteira
Campo de refugiados
Para garantir a segurança da cúpula do G7 na última semana, países europeus fecharam as fronteiras internas. Como consequência, os imigrantes que pretendiam seguir para o norte para chegar à Suécia, Alemanha ou França, permanecem na Itália em condições precárias.
Para abrigar essas pessoas, a Itália instalou “campos de refugiados” improvisados em barracas, espaços comerciais e até túneis
“Há dias eles vagam pelas estações das principais cidades italianas à espera de pegar o trem que os levará para Suécia, Alemanha ou França, onde encontrarão seus familiares, e cuja passagem pagaram com um enorme esforço que os deixou sem dinheiro”, diz reportagem da agência Efe.
As fronteiras serão abertas novamente nesta segunda-feira (15/06).