Não é à toa que metade dos personagens de Game of Thrones já morreu tentando conquistá-la: a cidade de Dubrovnik, na Croácia, é tão encantadora que fica fácil entender a razão da disputa. Classificada patrimônio mundial desde 1979, Dubrovnik foi o local eleito pela produção da série para abrigar a capital de um mundo fictício e parece mesmo ter saído diretamente das páginas de um livro de fantasia histórica.
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Muralhas fortificadas que contornam toda a cidade antiga, portas elevadiças, construções barrocas em pedra e um clima medieval, tudo está ali. Mas assim como na série exibida pela HBO, que teve o último episódio da 5ª temporada exibido mundialmente neste domingo (14/06), a cidade também já foi palco de ataques e teve parte de seu patrimônio destruído em um passado recente, na década de noventa, durante a guerra de independência da Croácia.
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Amanda Lourenço / Opera Mundi
Passeio sobre muralhas que contornam Dubrovnik
Totalmente reconstruída, a “pérola do Adriático”, como é conhecida Dubrovnik, é hoje um dos destinos mais procurados da costa da Dalmácia. Depois de virar cenário de Game of Thrones, ficou ainda mais popular entre os turistas, incorporando a série no seu cotidiano. Lojas com produtos oficiais e roteiros guiados em duas línguas nas locações das filmagens já fixaram seu lugar no circuito turístico da cidade. “Sabe aquela cena da luta com o príncipe Oberyn? Claro que sim, aquela cena é inesquecível. Levamos lá também”, atiça a vendedora.
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Dois passeios temáticos são oferecidos. O primeiro, a pé, dura duas horas e mostra as locações das cenas famosas dentro do centro histórico, como a batalha de Blackwater, onde Stanis Baratheon atacou o rei Joffrey pelo mar. O segundo é de van, no qual os vistantes são levados durante duas horas e meia para conhecerem os locais mais afastados, incluindo o cenário da cidade fictícia de Qarth. Os passeios custam 180 e 300 kunas respectivamente (R$ 85 e R$ 140). Durante a época das filmagens, milhares de pessoas se acotovelam para conseguir assistir ao vivo o que todo mundo assiste na televisão meses depois. Alguns moradores fazem bico como figurantes e recebem um cachê de 30 euros por dia (R$ 100).
Amanda Lourenço / Opera Mundi
Barcos levam turistas para ilhas e expedições de mergulho
Praias e ilhas
Por causa dessa popularidade extra, Dubrovnik fica lotada na alta temporada europeia, principalmente durante os meses de julho e agosto. Agendar a viagem para um pouco antes ou depois desta data é uma boa ideia para fugir da superlotação, mas ainda aproveitando o bom tempo do verão. O clima nesta época do ano costuma ser quente, seco e bastante ensolarado. O litoral croata é bem diferente das longas praias de areia branca tão comuns na costa brasileira. A maior parte é cercada de rochas sem acesso ao mar e as praias, não menos bonitas, são quase sempre pequenas e cheias de pedras — é bom levar chinelos para caminhar e até mesmo para entrar na água.
Para mergulhar na praia de Banje, uma das mais próximas do centro e a mais popular dentre todas, é preciso descer por uma escada no meio das rochas, como uma piscina. Para pegar um sol basta encontrar um lugar e deitar em cima de uma pedra. Ainda a uma distância razoável a pé, há uma pequena praia perto de um hotel, acessível através de uma trilha no meio dos pedregulhos, uma das mais bonitas da região.
As inúmeras ilhas que se espalham pelo litoral são uma ótima opção de passeio. Os barcos oferecem excursões que variam de 45 minutos a até um dia inteiro, dependendo do roteiro. O passeio mais popular é o que leva os visitantes para três ilhas com paradas para mergulho, almoço e bebidas, tudo incluído no pacote, que custa cerca de 250 kunas (R$ 115), dependendo da empresa. Uma outra opção é ir até a ilha de Mljet, que abriga um parque nacional e dois lagos de água salgada de azul cristalino, com temperaturas mais quentes do que as praias. Alugar uma bicicleta é uma boa forma de explorar a ilha. Há excursões organizadas, mas também é possível fazer o passeio sozinho, ficando apenas atento aos horários dos barcos.
No centro histórico há dois programas imperdíveis: a visita da muralha que contorna o vilarejo e a subida no teleférico. Ambos permitirão vistas incríveis da cidade, real e fictícia, cada um com suas particularidades. A visita da muralha, que custa 100 kunas (R$ 45), demora cerca de duas horas e permite ver a antiga cidade de todos os ângulos possíveis. É preferível fazer o passeio de manhã cedo enquanto o sol ainda não está muito quente, pois as sombras são raras e a subida pode ser muito cansativa.
Já o teleférico leva os visitantes ao monte Srd, onde podem ter uma vista panorâmica em menos de quatro minutos. Lá em cima também se situa o Museu da Guerra, uma visita interessante para contextualizar o conflito bélico em um cenário que parece tão improvável atualmente. São exibidas fotos de diversos pontos da cidade após os bombardeios que mataram quase 300 pessoas, entre elas muitas crianças. É preferível visitar este museu no fim da viagem, depois de se estar mais familiarizado com a cidade para poder identificar mais facilmente os locais das fotografias.
A guerra pela independência da Croácia, que opôs croatas a sérvios com a divisão da Iugoslávia, aconteceu entre 1991 e 1995 e deixou cerca de 20 mil mortos. A guerra real foi bem menos romântica do que as batalhas ficcionais de Game of Thrones. Mas apesar de sua lembrança ainda estar muito presente na memória do país, quem visita Dubrovnik e as outras cidades litorâneas pode ter dificuldade de imaginar que algo tão grave tenha acontecido há tão pouco tempo. Viajar na Croácia hoje é totalmente seguro, só é bom tomar cuidado com dragões.