O secretário do PD (Partido Democrático) e prefeito da cidade italiana de Florença, Matteo Renzi, foi convocado para uma reunião na próxima segunda-feira (17/02) com o presidente da Itália, Giorgio Napolitano. O jovem candidato de centro-esquerda deverá ser encarregado de assumir o posto de primeiro-ministro da Itália. O encontro está marcado para as 10h30 da manhã (6h30 em Brasília). Renzi deverá organizar um novo governo e em seguida apresentar a proposta para que seja votada pelo parlamento italiano.
Com a posse, ele deverá se tornar o mais jovem primeiro-ministro da Itália. Para convencer o parlamento a aceitar seu projeto de governo, ele passou o dia fortalecendo seus contatos e preparando o programa. Está previsto que ele volta a Roma hoje, onde terá uma reunião com Angelino Alfano, líder da nova centro-direita. O apoio de um representante da oposição é considerado fundamental para que Renzi assuma o cargo.
Agência Efe
Renzi deverá apresentar sua proposta de governo para assumir o cargo de primeiro-ministro amanhã
Durante uma reunião do partido de oposição, Alfano afirmou que “se dissermos não ao governo, ele não será formado. Se dissermos sim, ele será formado”, e acrescentou que essa é uma grande responsabilidade e que “errar não é uma opção”. Renzi foi eleito líder do Partido Democrático de centro-esquerda há apenas dois meses, e defende claramente a implantação de uma série de reformas políticas.
A indicação de Renzi contraria setores políticos que defendem um formato democrático de eleição. Esse processo não é bem recebido em um país onde uma elite política resistente a reformas e envolvida em escândalos de corrupção está a um longo período no poder. Segundo Giovanni Orsina, chefe-adjunto da Escola de Governo Luis, em Roma, “Renzi cometeu um erro inicial, que será tornar-se primeiro-ministro sem uma eleição”.
Economia e sociedade
No setor econômico, os aliados do PD e a oposição aparentemente entraram em acordo, ambos apoiam medidas para impulsionar a criação de novos empregos. Entretanto, nas questões sociais é onde se encontram as maiores divergências, principalmente nos assuntos que envolvem imigração e união civil de homossexuais.
As negociações para decidir os principais postos do gabinete de governo estão em andamento. Uma vez formado, a equipe deverá buscar o apoio de todos os setores do Senado e da Câmara dos Deputados. Caso assuma o cargo, Renzi terá a responsabilidade de melhorar uma das economias mais problemáticas da Zona do Euro. No quarto trimestre do ano passado, a Itália cresceu apenas 0,1%, e esse foi o primeiro indicativo de melhora desde que o país entrou em sua pior recessão, em 2011.
Após formar o gabinete, Renzi deverá se reunir novamente com o presidente, com sua resposta definitiva e a lista de ministros. Em seguida, ele e seus candidatos deverão comparecer ao palácio sede da chefia de Estado e jurar perante à Constituição. Depois, deverão encarar a votação do parlamento, considerada a fase mais incerta do processo. Caso a proposta seja aprovada, o futuro premiê deverá assumir o cargo no fim da semana.
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Em entrevista à um canal de TV, o ministro da Economia, Fabrizio Saccomani, refletiu sobre a situação vivida pelo país. “Na italia, existe uma crescente impaciência, porque todo mundo quer ver a economia recuperada e em crescimento, além da criação de empregos”. Para tentar melhorar a situação, Renzi prometeu cortar os impostos para empregadores, além de um novo esquema de contrato para estimular a criação de trabalho.
Agência Efe
O ex-premiê Letta saindo de uma igreja católica em 15 de fevereiro, dia seguinte de sua renúncia
Renúncia de Letta
Na sexta-feira, o ex primeiro-ministro Enrico Letta apresentou sua renúncia depois que seu partido, o PD, exigiu um novo representante do Executivo, tirando assim seu principal apoio. Letta havia sido nomeado por Napolitano em abril de 2013 com a intenção de formar um governo de coalizão, que ajudaria a melhorar a situação econômica do país. Na ocasião, foi feito um lobby empresarial, e o maior sindicato que dava suporte ao então premiê tirou seu apoio e pediu mais velocidade nas reformas.
Até duas semanas atrás, Renzi recusava a ideia de tomar o poder sem ganhar uma eleição. Entretanto sua postura mudou ao acompanhar os acontecimentos que ocasionaram a renúncia de Letta. Após a renúncia, o também ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi declarou que sente “empatia” e “sintonia” por Renzi, “porque é uma pessoa inteligente e, além disso, não é de escola comunista”, declarou.