Há exatamente três anos, um terremoto seguido de tsunami destruiu a central nuclear de Fukushima-Daiichi, Japão, em 11 de março de 2011. Apesar de ser considerada a pior catástrofe nuclear desde Chernobyl (Ucrânia, 1986), o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, decidiu na segunda-feira (10/03) reativar parte dos 48 reatores nucleares do país, contrariando o compromisso adotado pelo governo anterior – que prometeu livrar o Japão da energia nuclear até 2040.
Efe
Membros da Tepco (Tokyo Electric Power) e jornalistas visitam na segunda (10/03) a central de controle dos reatores 1 e 2 de Fukushima
Durante o último fim de semana, milhares de pessoas se manifestaram em Tóquio contra a política energética do governo liderado por Abe, que confirmou que as usinas consideradas seguras devem voltar a funcionar em breve. A crise levou ao crescimento de um sentimento antinuclear no país. Sob lemas como “sayonara nukes” (“adeus armas nucleares”, em japonês), os manifestantes atestam que o fato de o Japão ter atravessado os últimos meses sem energia gerada pelos reatores é uma prova de que é possível abrir mão das usinas.
“O primeiro-ministro Abe e a indústria nuclear esperam que a população do Japão e do mundo esqueçam as vítimas e as terríveis lições de Fukushima, e pretendem religar reatores antigos e perigosos”, criticou Junichi Sato, diretor-executivo do Greepeace no Japão, à AFP. “O que precisamos esquecer é de um sistema energético dependente de tecnologias velhas, sujas e perigosas, como combustíveis fósseis e nucleares”, acrescentou.
Efe
Manifestantes protestam contra energia nuclear no domingo (09/03) em Tóquio, capital do Japão
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Entenda o acidente
A tragédia nuclear provocou sucessivas explosões e o vazamento de materiais radioativos que causaram mais de 18.500 mil mortes. Devido aos altos índices de radioatividades, cerca de 300 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e mais de 130 mil continuam impedidas de retornar.
A população que vive nas cidades próximas à usina teve um considerável aumento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, além de ser privada de sair nas ruas em determinadas horas do dia, por medida de segurança.
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À época, o acidente afetou o comércio exterior do Japão, que teve que importar combustíveis para suprir a perda da energia nuclear – anteriormente responsável por 25% da matriz. Suas emissões também afetaram gravemente a agricultura, a pecuária e a pesca do país, que tem 128 milhões de habitantes e é a terceira maior economia mundial.