Milhares de russos iniciaram neste domingo (01/03) uma passeata em memória do líder opositor Boris Nemtsov, assassinado na sexta (27/02), no centro de Moscou. Munidos de cartazes como “je suis Boris”, “eu não tenho medo” e “a propaganda mata”, a população marchou pela capital, pedindo justiça.
EFE
Mesmo sob baixas temperaturas, moscovitas caminham com fotos de Nemtsov e faixas de protesto pela Praça Vermelha, ao lado do Kremlin
De acordo com o correspondente de Opera Mundi em Moscou, Sandro Fernandes, as autoridades russas dizem que 21 mil pessoas participaram da marcha, enquanto alguns dos organizadores falam em 70 mil pessoas. Na mobilização, ainda havia muitas bandeiras ucranianas e frases de apoio a Kiev.
“Se nós conseguirmos interromper a campanha de ódio que está sendo dirigida à oposição, então, temos uma chance de mudar a Rússia. Se não, nos deparamos com a perspectiva de um conflito civil em massa”, disse à Reuters Gennady Gudkov,atual líder da oposição.
Outras cidades, como São Petersburgo, também registram mobilizações. Investigadores russos estão oferecendo três milhões de rublos, cerca de R$140 mil, para quem apresentar informações úteis que levem ao esclarecimento do crime, de acordo com a imprensa local.
Na manifestação de hoje de Moscou, havia muitas bandeiras da Ucrânia e demonstrações de apoio ao país vizinho. pic.twitter.com/IOhcPZwmBp
— Sandro Fernandes (@cafecomkremlin) 1 março 2015
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Ontem, importantes figuras internacionais condenaram o episódio publicamente. Um dos primeiros foi o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, que mantém relação tensa com o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, em virtude do conflito entre as forças armadas de Kiev e as tropas de militantes pró-Moscou.
“É um choque. Boris morreu. É difícil de acreditar. Tenho certeza que os assassinos serão punidos. Cedo ou tarde”, tuítou o ucraniano, que acrescentou estar consternado após tomar conhecimento do assassinato.
Shock. Borys was murdered. It is hard to believe. I have no doubt that murderers will be brought to justice. Sooner or later. Rest in peace.
— Петро Порошенко (@poroshenko) 27 fevereiro 2015
Líderes mundiais como o presidente norte-americano, Barack Obama, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediram uma investigação “rápida” e “transparente” das circunstâncias do crime, além de lamentarem a morte de Nemtsov.
Em meio às críticas e acusações, Putin reagiu e disse que o crime “tem toda a pinta de ser um assassinato por encomenda, de caráter extremamente provocador”. Ele também assumiu pessoalmente o controle sobre a investigação, informou o Kremlin.
Ex-vice-primeiro-ministro da Rússia, Boris Nemtsov, foi morto no final da noite de sexta, após levar quatro tiros nas costas. Ele era um dos organizadores de uma marcha contra o conflito na Ucrânia, prevista para hoje. Segundo a BBC, em recente entrevista, o líder disse que temia ser morto por Putin por conta da oposição.
EFE
Na capital russa, moscovitas lamentam assassinato; funeral de Nemtsov está previsto para acontecer na próxima terça-feira