“É díficil seguir em frente, mas é muito mais difícil ficar sem trabalhar”, disse Luke Ivory, de 28 anos, enquanto participava de uma marcha em Londres contra o aumento da taxa de desemprego no Reino Unido. Assim como Luke, milhares estão sem trabalho, formando uma estatística especialmente cruel contra os mais jovens. Segundo dado divulgado nesta semana pelo Departamento Nacional de Estatísticas Britânico, o desemprego é o maior dos últimos 17
anos (8,1%) e os mais atingidos são aqueles entre 16 e 24 anos — ao todo 991 mil cidadãos (21,3%).
Paul Mattson
Até o dia 5 de novembro centenas de jovens desempregados irão participar da caminhada cohecida como Jarrow March
A passeata, com mais de 400 quilômetros, começou em 1 de outubro, em Jarrow, no nordeste da Inglaterra, e deve terminar no dia 5 de novembro, em Londres. Uma caminhada como essa aconteceu há 75 anos e protestava pelo mesmo motivo.
Luke decidiu fazer parte do movimento porque já está há dois anos sem emprego fixo. A falta de dinheiro o obrigou a abandonar a faculdade de História e a voltar a morar na casa da mãe, na vila de Brora, na Escócia. “É frustrante não ter emprego, já que me sinto capaz de trabalhar. Recebo seguro-desemprego, mas estou sempre preocupado. Não consigo ter vida social porque não posso gastar dinheiro para ir ao cinema ou para assistir a uma partida de futebol”, contou ao Opera Mundi. O pior, segundo ele, é a falta de perspectiva. “Muitas das vezes em que me candidatei a uma vaga não obtive retorno da empresa e, quando tive, era uma carta pedindo desculpas porque havia muitos candidatos para apenas uma posição”.
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O Ministro do Emprego, Chris Grayling, disse que não há dúvidas de que esses dados mostram que um passo significante na direção errada. “Isto é uma consequência da crise na zona do euro, estamos vendo o impacto da incerteza no nosso mercado de trabalho. As empresas não estão mais investindo, nem contratando, pois estão preocupadas com o futuro”, analisou.
Caridade
Martina Milburn, chefe executiva da Prince Trust, uma instituição de caridade que apoia a juventude, disse que o número de jovens sem emprego é quase o dobro da população de Manchester, que é em torno de 450 mil. “Se nós não resolvermos o problema agora, corremos o risco de perder esses talentos para sempre. Os telefonemas com pedido de ajuda à instituição aumentaram em mais de 100% nos últimos seis meses. Nós precisamos de auxílio do governo para mudar essa situação”, alertou.
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Uma das jovens que recebe conselhos da instituição é Khuedeza Choudhury, de 24 anos. Ela engravidou aos 16 e teve que deixar a escola. Hoje, enfrenta dificuldades para encontrar emprego por falta de qualificação. “É deprimente não ter trabalho e não ter motivo para levantar de manhã. Eu queria dar um bom exemplo para a minha filha, mas não consigo arranjar emprego”.
Khuedeza vive com o dinheiro do seguro-desemprego, mas está determinada a arranjar trabalho. A adolescente diz que se candidata a pelo menos cinco vagas por semana, mas nunca obtém resposta. “Sei que tenho potencial, eu adoraria ser uma assistente social ou algo do tipo. Só preciso de uma chance”.
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