O juiz Mustafá Hassan Abdullah desistiu neste sábado (13/04) de julgar o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak pela morte de manifestantes na Primavera Árabe, ocorrida em 2011, e transferiu a causa para um tribunal de apelação, que deverá designar uma nova instância para fazer o julgamento.
Segundo explicaram à Agência Efe fontes da promotoria, esse mesmo tribunal absolveu anteriormente os acusados da denominada “batalha dos camelos” durante as manifestações que derrubaram seu regime (1981-2011). Abdullah admitiu “sentir-se incomodado” com a causa de Mubarak na abertura da repetição do processo.
Em um breve anúncio de dois minutos, o juiz, que preside a 10ª instância do Tribunal Penal do Cairo, decidiu remeter as duas causas penais apresentadas perante essa corte ao Tribunal de Apelação do Cairo.
Além disso, pediu que essa corte atribua uma instância diferente que se encarregue de repetir os processos pendentes.
Tanto antes como depois da intervenção do juiz, alguns advogados presentes no julgamento começaram a gritar, em uma cena já vista em outras sessões do processo anterior.
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Mubarak, que compareceu ao tribunal sentado em uma maca, com semblante tranquilo e após cumprimentar os seus seguidores, enfrenta um novo julgamento depois que a mesma corte de apelação anulou em janeiro passado sua sentença de prisão perpétua pela morte de manifestantes.
Junto ao ex-presidente também voltam a ser julgados o ex-ministro do Interior Habib al Adly, também condenado à prisão perpétua em sua primeira sentença, e seis ajudantes do ministro que haviam sido absolvidos.
Mubarak assistiu à audiência do julgamento cercado por seus dois filhos, Alaa e Gamal, com quem conversou nos minutos anteriores à sessão.
Esses três acusados e o empresário Hussein Salem têm pendentes ainda um processo por enriquecimento ilícito e por favorecer a exportação de gás a Israel a preços abaixo do valor de mercado.
O ex-presidente egípcio chegou à Academia Policial, que abrigou a sessão nos arredores do Cairo, de helicóptero desde o hospital militar de Maadi, onde se encontra desde quando sofreu ferimentos ao cair no banho na prisão de Tora, onde cumpria prisão perpétua, em dezembro.
Nos arredores da academia policial e em meio a fortes medidas de segurança, simpatizantes e opositores de Mubarak compareceram para se manifestar.