O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, participou nesta terça-feira (03/09) de uma sessão no Congresso norte-americano, em que tentou o justificar o pedido do presidente Barack Obama para que o Legislativo autorize uma intervenção militar na Síria.
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Kerry garantiu aos congressistas que nenhuma tropa norte-americana entrará em solo sírio para participar da guerra civil no país árabe e que a ação é necessária para desmantelar qualquer possibilidade de o governo do presidente Bashar al Assad usar armas químicas novamente.
Para ele, a ação não se trata de levar os EUA a uma nova guerra, mas de responsabilizar o governo sírio por seus atos. “Presidente Obama não pediu para entrarmos em guerra. O secretário [de Defesa Chuck] Hagel e o senador [republicano John] McCain sabem a diferença”, disse Kerry, referindo-se a possíveis ataques aéreos com mísseis de longa distância. Kerry voltou a afirmar que o governo Assad foi o responsável pelo ataque com armas químicas no último dia 21 e citou superficialmente o que seriam algumas evidências – a substância usada seria o gás sarin.
Agência Efe
O secretário de Defesa John Kerry se prepara para seu discurso no Congresso norte-americano
“Não sei como colocar de maneira mais primária aos senhores. Mas perguntem a si mesmos, se estivessem no lugar de Assad ou qualquer outro déspota da região: se os EUA recuassem, a mensagem que vocês receberiam seria de impunidade”. Para Kerry, mais do que a própria Síria, essa questão também envolve diretamente a segurança nacional dos Estados Unidos, pois incentivaria “outros ditadores a usarem suas próprias armas químicas e de destruição em massa, incluindo atômicas. O Irã quer que olhemos de outro lado, para dar a eles um sinal verde para seu programa nuclear. O Hezbollah também torce para que isolacionismo prevaleça”, disse o chanceler.
Kerry disse que outros países amigos dos EUA na região, como Jordânia, Israel e Líbano, também poderiam ser afetados.
O secretário fez questão de garantir aos congressistas que os dados de inteligência estão corretos e que erros como o do Iraque, em 2003 não seriam novamente cometidos. “Todos lembramos bem o Iraque. Somos muito sensíveis a nunca mais votar favoravelmente baseados em falsos erros de inteligência. Nossa equipe de inteligência reviu incontáveis vezes as evidências e não há a menor duvida que o governo Assad se preparou para o ataque”.
Segundo Kerry, só após o ataque, o governo sírio teria começado a temer uma retaliação norte-americana, por isso teriam tentado limpar as evidências – por essa razão, os inspetores da ONU demoraram quatro dias para visitar os locais.
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“Temos evidências físicas de onde o ataque veio e quando. Nenhuma “pedra” caiu [nas áreas controladas do] regime, mas sim nas áreas controladas pela oposição. Imagens terríveis de pessoas famílias jogadas num hospital sem sangue ou ferimentos, todos mortos. A oposição não tem meios para fazer um ataque desses”, disse.
Kerry também afirmou que, mesmo podendo tomar essa decisão sem o Congresso, os EUA ficarão mais forte como nação com o apoio do Legislativo.
O secretário também disse que os avisos teriam sido dados a Assad, mesmo de Irã e Rússia [seus dois principais aliados], para que armas químicas não fossem usadas, mas o governo Assad os teria ignorado.
Após o discurso de Kerry, que antecedeu o do secretário de Defesa, Chuck Hagel, um grupo de pessoas começou a levantar cartazes e uma mulher a gritar palavras de ordem dizendo “não queremos guerra”. Kerry respondeu dizendo que respeita decisões contrárias.