O Parlamento da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo islâmico Hamas, aprovou uma lei que separa meninos e meninas em escolas públicas e privadas a partir da 4° série, incluindo os colégios cristãos e os coordenados pela ONU (Organização das Nações Unidas).
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A partir de setembro, salas de aula na Faixa de Gaza serão divididas entre meninos e meninas
O artigo 46 da lei “banirá a mistura de estudantes dos dois sexos em estabelecimento educacionais depois da idade de nove anos e trabalhará para ‘feminilizar’ estudantes mulheres”. Além disso, professores homens serão proibidos de dar aula em escolas femininas e “presentes ou ajuda destinados a normalizar as relações com a ocupação sionista [Israel]” não poderão ser recebidos.
O ministro de Educação, Osama Mazini, disse nesta segunda-feira (01/02) que a lei, emitida no dia 10 de fevereiro, foi aprovada pelo conselho legislativo do grupo palestino e entrou em vigor neste domingo (31/03) para ser implementada no começo do ano letivo, em setembro.
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O assessor legal do Ministério de Educação, Waleed Mezher, negou que seja outro passo do regime para islamizar toda a população de Gaza. “Somos muçulmanos. Não precisamos conseguir adeptos e a ‘única coisa que estamos fazendo é servir nossa gente e nossa cultura'”, disse à agência Reuters.
No passado, o Hamas passou leis que consolidavam tradições religiosas tradicionais, como o uso de vestimentas islâmicas de corpo inteiro para meninas nas escolas e a proibição de homens prestarem serviços a mulheres em cabelereiros de Gaza. Mulheres tampouco podem fumar narguilés em público ou se sentarem atrás de homens em motocicletas.
Uma maratona organizada pela UNWRA (sigla para a agência da ONU para refugiados palestinos) e que seria realizada no dia 10 de abril foi cancelada no começo do mês passado pela própria organização mundial porque o governo do Hamas decidiu que nenhuma mulher poderia participar da competição.
O Hamas tem governado a Faixa de Gaza desde 2007, depois de ter vencido com grande vantagem as eleições gerais contra o Fatah, partido que opera na Cisjordânia.
Ativistas no território acusam a organização de impor sua ideologia a todos os cidadãos. “Dizer que a antiga lei não respeitava as tradições da comunidade e que eles [Hamas] queriam realizar somente reformas é um insulto para a sociedade. Em vez de se esconderem atrás das tradições, por que não dizem claramente que são islâmmicos e que o que desejam é islamizar a comunidade”, declarou Zeinab al Ghoneimi, ativista dos direitos das mulheres.
Segundo a Reuters, o Ministério da Educação respondeu às críticas afirmando que havia convidado as escolas privadas para tratar da nova legislação, mas essas se negaram.
* Com informações de Al Jazeera e El Mundo