Em uma eleição marcada pelo forte comparecimento às urnas – 55% da população contra os 45% de médias anteriores –, a oposição libanesa, liderada pelo Hizbollah, viu sua aspiração de conquistar a maioria parlamentar frustrada, enquanto a coligação 14 de Março conseguiu praticamente repetir sua atuação em 2005 e captou sete votos a mais – 71 deputados numa câmara de 128 cadeiras. Pela primeira vez em 60 anos as eleições foram realizadas em só domingo, em vez de três domingos sucessivos.
As eleições aconteceram sem grandes incidentes. E o rápido reconhecimento pela oposição de sua derrota ajudou a evitar confrontos entre os jovens partidários dos dois lados nas ruas. Hoje (8) o jovem ministro do interior Ziad Baroud deve proclamar os resultados definitivos.
Numa primeira leitura, o governo ganhou na capital e no norte, regiões de forte predominância sunita. A oposição ficou com o Monte Líbano cristão e o sul, xiita. Há pequenas exceções como a vitória da oposição na região maronita de Zgorta, no norte, e a vitória do governo na cidade de Saída, no sul, onde o atual primeiro-ministro, Fuad Siniora, foi eleito deputado. O vale do Beqaa virou o fiel da balança: contradizendo as pesquisas de opinião, a vitória da lista da coligação do 14 de Março na circunscrição de Zahle por sete deputados a zero foi determinante para o resultado final.
Marcadas pelo pano de fundo da rivalidade sunita-xiita, a “tradição” libanesa de escolher candidatos nas listas diversas foi derrotada pela polarização estrita que revelou a força avassaladora de Saad Hariri entre os sunitas e do Hizbollah entre os xiitas.
Apesar de sua aliança com o Hizbollah e de sua recente abertura em direção a Damasco depois de ter sido seu mais ferrenho opositor, o ex-general Michel Aoun firmou-se como o mais importante líder cristão.
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Próximos passos
Os próximos passos serão a designação do primeiro-ministro (necessariamente sunita) e a composição de um novo governo (dividido entre cristãos e muçulmanos).
Com a mesma maioria no Parlamento, é provável que Fuad Siniora seja reconduzido ao posto, ao menos se desta vez Saad Hariri quiser assumir direitamente as responsabilidades.
A participação da oposição no governo com ou sem poder de veto é um outro ponto litigioso que paralisou o país durante os últimos anos. A questão do desarmamento do Hizbollah antes da solução do conflito no Oriente Médio pode também levar a impasses graves e confrontos violentos.
Uma certa recomposição política com a constituição de um grupo “centrista” ao redor da figura do presidente da República Michel Sleiman ou uma aproximação de “moderados” nas duas coligações pode ajudar a superar ou pelo menos atenuar a divisão entre 8 e 14 de marco.
Enfim, em função da suas estratégias regionais, “palpites” e “conselhos” dos padrinhos das diferentes facções, Estados Unidos, França, Síria, Arábia Saudita e Irã, podem ajudar ou prejudicar no encaminhamento das soluções.
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