Na primeira aparição pública desde o endosso à eleição de Mahmoud Ahmadinejad, no último sábado (13), o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, condenou hoje (19) os protestos dos apoiadores do candidato reformista Mir Hussein Mousavi e legitimou uma vez mais o resultado das eleições de sexta-feira passada (12), uma “festa histórica”, em suas palavras.
Em um sermão para dezenas de milhares de pessoas na Universidade de Teerã, Khamenei destacou o fato de que cerca de 40 milhões de iranianos – 85% da população – apoiaram com seu voto os princípios da revolução. Além disso, exaltou a figura de Ahmadinejad, um “trabalhador incansável”.
O líder supremo iraniano também acusou os “inimigos do Islã” de tentar provocar inquietação entre os muçulmanos, mas disse que desde o início da Revolução Islâmica, há 30 anos, muitos eventos podiam ter derrubado o sistema, mas “o navio sempre atracou no porto, porque o povo tem o apoio de Alá”.
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Khamenei alertou os apoiadores de Mousavi para que não desafiem o resultado das eleições, dizendo que seria “errado” pensar que eles poderiam influenciar o sistema por meio da invasão das ruas, e fez ameaças veladas àqueles que aparentemente estão liderando as manifestações. Ele disse que ceder à pressão dos protestos implicaria no risco do início de uma ditadura.
“As lutas nas ruas devem cessar”, disse. Quero que todos ponham um fim nisso. Se eles não pararem…serão responsabilizados por isso”.
Khamenei disse aos iranianos que as disputas são normais em qualquer país, e que devem estar de acordado para não serem desviados de seu caminho.
Entre os presentes estava o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o outro candidato conservador, Mohsen Rezaei. Os dois candidatos reformistas, Mehdi Karroubi e Mir Hussein Mousavi, que denunciaram a existência de fraude eleitoral, não compareceram ao local.
Moussavi, que impugnou os resultados oficiais que atribuem uma folgada maioria a Ahmadinejad, pediu a seus seguidores que não fossem hoje à Universidade para evitar enfrentamentos.
Oficialmente, pelo menos oito pessoas morreram em consequência dos enfrentamentos entre os seguidores dos dois lados, mas este número pode ser maior.
Mortes
O Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI) denunciou hoje o assassinato de “pelo menos 43 pessoas” nas mãos das forças de segurança iranianas durante os protestos após as eleições presidenciais.
“Pelo menos 43 pessoas foram assassinadas por agentes da Guarda Revolucionária, das forças antidistúrbios e de outras forças repressivas nos primeiros cinco dias de levante popular nacional”, declarou a Resistência Iraniana em comunicado.
Trinta pessoas morreram em Teerã e outras 13 em diferentes cidades do país, das quais “algumas foram baleadas e outras espancadas ou apunhaladas até a morte”, disse o CNRI, organização opositora no exílio e radicada em Paris.
O líder do CNRI, Maryam Rajavi, pediu à comunidade internacional que “imponha sanções ao regime” iraniano.
A Resistência convocou uma manifestação em Paris de “solidariedade ao levante no Irã” para o sábado e ressaltou que este é “o momento de a comunidade internacional reconhecer o desejo e a determinação do povo iraniano de derrubar a ditadura religiosa e estabelecer uma democracia em seu lugar”.
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