A cobertura jornalística dos recentes acontecimentos no Irã tem sido dificultada pelas aparentes medidas de censura impostas pelo governo, como o corte do sinal de canais de televisão, a exemplo da BBC Persa, e a saída forçada de correspondentes internacionais, com o cancelamento das credenciais. Alguns jornalistas que decidiram permanecer no país reportam na condição de anonimato, por medida de segurança.
Dessa forma, a divulgação de notícias por meio de mídias sociais, comumente chamada de jornalismo cidadão, ganhou força. Todos os dias, os iranianos utilizam a internet para enviar ao resto do mundo relatos e fotos dos acontecimentos por meio de diversas ferramentas, como o site de relacionamentos Facebook, o site de vídeos Youtube, de fotos Flickr, blogs e o microblog Twitter – que chegou a adiar uma manutenção pré-programada para não atrapalhar a coordenação das atividades dos manifestantes e a divulgação de informações, após solicitação do Departamento de Estado norte-americano.
Mas é preciso lembrar que a intimidade dos iranianos com a internet não é de hoje. Cerca de 20 milhões estão conectados à rede e formam uma das comunidades blogueiras mais ativas do mundo.
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Neste endereço (http://iran.twazzup.com/), há uma reunião de todo o material sobre as eleições postado no Twitter. Além de uma atualização em tempo real das mensagens enviadas pelos usuários do serviço, existe um espaço para a divulgação de fotos, vídeos e links mais acessados.
Foto divulgada pelo usuário @jeanrem no Twitter
Para aqueles que possuem uma conta no Twitter, basta introduzir no campo de busca a tag (#iranelection), utilizada por quem posta algo sobre a eleição no Irã. A maioria dos recados está escrita em inglês, mas há também mensagens em árabe, espanhol e francês, entre outras línguas.
No entanto, usuários reportaram que o acesso à internet vem sendo danificado. A maioria reclama da baixa velocidade da rede, que prejudica diretamente o envio de fotos e vídeos, e do fechamento temporário de determinados serviços, como o Facebook e Youtube.
Na conta mousavi1388 do Flickr (clique aqui), é possível acessar centenas de fotos das manifestações. No facebook, a comunidade dedicada ao candidato reformista Mir Hussein Moussavi tem a adesão de mais de 60 mil pessoas, que abastecem a página com fotos e comentários – a maioria em farsi, língua falada no Irã (clique).
Os famosos blogueiros iranianos podem ser acompanhados neste site (clique). Já os vídeos feitos nas manifestações são em parte reunidos no Youtube, por meio de diversos perfis, como este anônimo (clique) e este, da Al-Jazeera em inglês (clique).
O jornal britânico The Guardian disponibiliza uma página com atualizações automáticas (clique), assim como o norte-americano The New York Times (clique).
Jornalistas à paisana
Com poucas garantias de segurança, diversos repórteres de veículos estrangeiros que cobriam as eleições decidiram permanecer no Irã, mesmo após alguns profissionais serem interrogados pela polícia e sofrerem pressão para deixar o país. A chefe dos correspondentes da rede CNN, Cristiane Amanpour, nascida no Irã, voltou ontem (17) para Londres, onde reside.
Muitos jornalistas trabalham sem terem os nomes divulgados. Uma repórter do jornal Sunday Times disse à BBC que o clima é tenso, destacando que tanto manifestantes contrários à reeleição de Ahmadinejad, como apoiadores do presidente, têm evitado entrar em confronto e procuram caminhar pelas ruas em grupos unidos.
Ela contou que um colega do Wall Street Journal, enquanto entrevistava um jovem há dois dias, viu um integrante da milícia Bassij se aproximar e desferir um tiro no pescoço do rapaz, matando-o instantaneamente. “Estamos com medo”, disse a jornalista. Bassij é um grupo de estudantes leais ao aiatolá e subordinados à guarda revolucionária iraniana.
Farsi
Tanto o Google quanto o Facebook lançaram hoje (19) ferramentas de tradução para o farsi devido à intensa atividade em torno das eleições e dos protestos.
No Google, até o momento, só é possível fazer a tradução do inglês pro farsi e vice versa, mas segundo a empresa, aos poucos outras línguas serão incluídas.
Usuários do Facebook do Irã ajudaram o site a traduzir a página para o farsi, de acordo com o blog do site.
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