A Procuradoria Geral egípcia ordenou nesta sexta-feira (05/07) a libertação de Mohammed al Katatni, presidente do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana. Ele havia sido preso na quarta-feira (03), após a deposição de Mohamed Mursi, acusado de incitar o assassinato de manifestantes.
De acordo com informações da agência de notícias estatal Mena, tanto Katatni quanto o guia espiritual da Irmandade Muçulmana, Rachad Bayumi, foram postos em liberdade por falta de provas.
Outros membros da organização islâmica ainda estão detidos ou são procurados pela Justiça, entre eles o líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badía, cuja detenção também foi ordenada pela Procuradoria.
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Entretanto, Badía apareceu hoje em público para discursar em uma praça no Cairo, onde uma multidão de islamitas se concentrava em apoio ao deposto presidente Mursi. A comunidade alegou que o ex-presidente está incomunicável sob custódia militar, mas o paradeiro dele é oficialmente desconhecido.
A Mena também informa, citando uma fonte do Ministério do Interior egípcio, que o xeque salafista Hazem Abu Ismail foi detido com seu irmão hoje no Cairo, embora não tenha indicado quais foram os motivos da detenção.
Agência Efe
Milhares de manifestantes a favor de Mursi se reúnem em praça no Egito. Eles pedem a volta do ex-presidente
Também hoje, em sua primeira declaração constitucional, o presidente interino do Egito, Adly Mansur, ordenou a dissolução da Câmara Alta do Parlamento, dominada pelos islamitas, segundo informou a televisão estatal do país.
A Shura, como é conhecida a Câmara Alta do Parlamento egípcio, foi constituída no ano passado após a vitória da Irmandade Muçulmana nas eleições legislativas e, ultimamente, vinha exercendo todo o poder Legislativo, uma vez que a Câmara Baixa havia sido dissolvida por irregularidades em sua formação.
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Na terça-feira (02), o Tribunal Constitucional do Egito já havia declarado inválidas a lei eleitoral pela qual a Shura foi eleita e a composição da Assembleia Constituinte anterior.
Confrontos
No momento, partidários e opositores de Mursi se enfrentam perto da praça Tahrir, no Cairo, usando pedras, morteiros e balas de borracha. Segundo a Mena, os seguidores de Mursi tentaram chegar até a praça, onde estão reunidas milhares de pessoas que seguiram a manifestação convocada por grupos não islamitas e ativistas revolucionários a favor do exército.
Os opositores, então, impediram a passagem dos islamitas, forçando-os a se desviar rumo à ponte 6 de Outubro, de onde começaram a disparar balas de borracha contra os primeiros.
Há relatos de que cinco pessoas foram mortas nos embates de hoje em todo o Egito, sendo três dessas partidárias de Mursi, contra as quais o Exército abriu fogo. Mais de 200 ficaram feridas.
Em seu dicurso, Badía disse que a Irmandade Muçulmana permanecerá se manifestando até que Mursi volte ao poder. “Permaneceremos em todas as praças até a restituição do nosso presidente”, disse. Ele também exigiu que as Forças Armadas “não apoiem só uma facção” e declarou que os partidários “sacrificarão suas almas” por Mursi.